Carta de São Paulo: uma agenda para a inovação no Brasil

Data: 25/06/2014
O Brasil precisa reverter a queda de produtividade, investindo em inovação, se quiser acompanhar as economias mais desenvolvidas, e para se tornar mais inovador, deve priorizar a educação, com foco na formação empreendedora, o desenvolvimento de uma forte cultura de gestão da propriedade intelectual, e trabalhar políticas públicas que estimulem a criação e desenvolvimento de startups e das cadeias produtivas. Também precisa modernizar os instrumentos de apoio à inovação e priorizar as áreas de energia, mobilidade, saúde, ciências, da vida, agronegócio e tecnologia da informação e comunicação, por serem transversais e portadoras de futuro.

Essa é a agenda para a inovação no Brasil proposta pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) por meio da Carta de São Paulo, divulgada nesta segunda-feira, 26 de maio, pela entidade. A Carta resume o conteúdo e as propostas extraídas da 14ª Conferência Anpei, realizada nos dias 28 e 29 de abril, em São Paulo, com, a participação de 1.500 profissionais e dirigentes de empresas, instituições de ciência, tecnologia e inovação (ICTs), e agências governamentais. O documento será entregue para diversos atores do sistema nacional de inovação, como os ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e contém propostas para a elaboração de políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação (C,T&I).

Para a Anpei, o modelo industrial brasileiro mostra sinais de esgotamento e dificuldade para acompanhar o movimento global de competição. Assim, a Carta lista um conjunto de ações para o País a enfrentar uma das principais dificuldades no que se refere à indústria nacional hoje. “Se o Brasil não resolver o problema da baixa produtividade da sua economia rapidamente, não terá condições de competir com outros países no futuro, nem de sustentar o seu crescimento”, alerta o documento. Apesar do amadurecimento do sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação, com o engajamento crescente das empresas nas atividades inovativas, a configuração das indústrias no País é, ainda, desfavorável à inovação. “Setores em que o ciclo de inovação é rápido têm participação pequena no Brasil. Há destaque maior dos segmentos mais intensivos em escala, mas em que o peso relativo da inovação é menor”, observa o documento.

A Carta destaca que um caminho para trabalhar a questão da estrutura produtiva nacional é considerar o desenvolvimento de ecossistemas de inovação. Atuar nessa escala significaria formar um ambiente favorável para o nascimento de empreendimentos inovadores, especialmente empresas de base tecnológica (EBTs) e startups, que tenham acesso a programas de apoio a P&D orientados para o mercado global. “Dentro dessa perspectiva sem fronteiras, é necessário construir um espaço financeiro adequado para investimentos em startups, incluindo investidores anjo, venture capital e corporate venture entre outros, reduzindo ou eliminando barreiras fiscais, legais e regulatórias e contemplando o fomento a programas de internacionalização que são mandatórios para alcançar escala e competitividade mundiais”, afirma o documento.

A inserção do Brasil no mercado global, segundo o documento, é um fator fundamental para o desenvolvimento nacional na produção de conhecimento, de novas tecnologias e de bens e serviços de alto valor agregado. “Esta inserção pode elevar a barra da competição e acelerar o ritmo das mudanças necessárias para a construção de uma agenda estratégica ainda mais forte para o País, integrando todos os atores do sistema nacional de inovação.”

Em síntese, no entendimento da Anpei esses são os pontos considerados prioritários na agenda da inovação brasileira:

- Prioridade para a educação e o fortalecimento da cultura empreendedora no Brasil;

- Prioridade para o desenvolvimento de uma forte cultura de gestão da propriedade intelectual;

- Prioridade para políticas públicas que estimulem a criação e o fomento de startups, bem como a gestão da inovação por meio de programas com empresas de base tecnológica;

- Estímulos claros à inovação nas cadeias produtivas;

- Prioridade para áreas transversais e portadoras de futuro: Energia, Mobilidade, Saúde, Ciências da Vida, Agronegócio e TICs;

- Modernização contínua dos instrumentos de apoio à inovação e das agências de fomento.



Leia a Carta de São Paulo na íntegra no endereço: http://www.anpei.org.br/carta-de-sao-paulo


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