Rios dos Sinos e Gravataí estão entre os piores do país

Data: 22/04/2009

Rios dos Sinos e Gravataí estão entre os piores do país


A falta de tratamento doméstico ainda é a principal responsável pela poluição dos mananciais hídricos da região metropolitana de Porto Alegre (RS). Em relatório divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA), as bacias dos rios dos Sinos e Gravataí aparecem entre os de água com pior qualidade do país. Já em âmbito regional, os dois rios encabeçam a lista dos piores, ficando na frente de todo o litoral de Santa Catarina e Paraná e de parte do litoral paulista.

Os dados que subsidiaram o Índice de Qualidade das Águas (IQA) foram coletados pela ANA em 2006, mas continuam fiéis às realidades dos Sinos e do Gravataí. O engenheiro agrônomo e ambientalista Arno Kayser afirma que não se surpreendeu com o resultado. Ele conta que desde os anos 80 os dois rios já estavam em situação preocupante.

"Isso é uma conseqüência, em primeiro lugar, da grande concentração urbana nessas regiões. Uma boa parte do Vale dos Sinos não tem rede de tratamento de esgotos. Além disso temos uma grande concentração de indústrias que, mesmo tendo sistema de tratamento de efluentes, muitas vezes largam excedente clandestino, temos muitos depósitos de lixo em toda a região, problemas de desmatamento nas margens. Todos esses problemas vão se somando", diz.

O relatório da ANA estima que 48% dos domicílios brasileiros possuem coleta de esgotos. Destes, apenas 20% são tratados antes de serem jogados nos mananciais. Na região metropolitana, Kayser aponta que as prefeituras são omissas em relação ao saneamento básico. Ele também lamenta a não-continuidade de programas como o Pró-Guaíba, que está parado há pelo menos seis anos.

Já Carlos Marchiori, da organização não-governamental Saalve, espera que o resultado negativo faça com que o Poder Público avance na preservação das áreas úmidas, que ajudam a recuperar os rios. É o caso da Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande, no rio Gravataí, que foi criado em 1998 mas, até hoje, não tem um plano de manejo. “O governo está aí para fazer uma política de Estado e não faz. Os governos deixam de lado as políticas a médio e longo prazo em todas as áreas”, reclama.



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