IPCC prepara divulgação do relatório que detalhará os impactos das mudanças climáticas

Data: 26/03/2014
Cientistas e representantes de governos começaram nesta terça-feira (25), em Yokohama, no Japão, a debater os detalhes finais do Sumário para Formuladores de Políticas, documento que resumirá as informações contidas em um novo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que será apresentado no próximo dia 31.
Esse novo documento, que trata dos impactos das mudanças climáticas e também da adaptação e das vulnerabilidades dos países a elas, é, na verdade, a segunda parte do quinto relatório do IPCC, que tem como objetivo reunir tudo o que a comunidade científica sabe atualmente sobre o tema.
A primeira parte, divulgada em dezembro do ano passado, trazia as bases físicas científicas das mudanças climáticas. Uma terceira parte, focada em mitigação, será apresentada em abril, e o relatório completo, em outubro.
Essa segunda parte traz informações sobre como as mudanças climáticas estão afetando o planeta, em especial a humanidade. A Associated Press teria tido acesso ao novo documento e destacou que será o relatório mais sombrio já lançado sobre o assunto.
De acordo com a agência de notícias, o IPCC afirmará que os preços dos alimentos podem subir até 84% nas próximas décadas, agravando o problema econômico dos países mais pobres e motivando conflitos civis.
Além disso, o aumento do nível do mar, fenômeno que já é facilmente observado, deve resultar na migração de centenas de milhões de pessoas até 2100.
Os ecossistemas e a biodiversidade também sofrerão. Com seus habitats se transformando, milhares de espécies serão forçadas a migrar, e muitas delas simplesmente não conseguirão fazer isso devido à presença de ocupações humanas ou barreiras naturais.
“O Grupo de Trabalho II analisou milhares de artigos para produzir um relatório definitivo sobre o que sabemos dos impactos das mudanças climáticas, assim como adaptação e vulnerabilidade”, afirmou Vicente Barros, co-presidente do GT II, responsável por essa parte do quinto relatório.
Negociações
Apesar de o relatório ser uma peça científica, que terá 30 capítulos em dois volumes, o Sumário para Formuladores de Políticas possui uma linguagem mais aberta e está sujeito a alterações, motivadas pelos mais diferentes interesses.
Por exemplo, de acordo com uma reportagem da Folha de São Paulo, o governo brasileiro vai pedir para ser retirada do texto uma crítica à política do uso de biocombustíveis como forma de atenuar o aquecimento global.
O trecho contestado afirma que “aumentar o cultivo de plantações para bioenergia implica em riscos para ecossistemas e para a biodiversidade, apesar de contribuições da energia de biomassa para a mitigação [do aquecimento global"> reduzirem riscos relacionados ao clima.”
É com esse tipo de debate que o IPCC terá que lidar durante toda esta semana, até que possa apresentar a versão final do Sumário.
“Dada a importância desta sessão e a necessidade crucial de alcançarmos um Sumário robusto, inelegível e prático, peço que todas as delegações recorram a seu conhecimento e sabedoria para ajudar no processo de aprovação do texto. A gestão do tempo de forma eficiente será essencial para garantir que todas as partes do documento recebam a atenção que merecem”, destacou Rajendra Pachauri, presidente do IPCC.
O IPCC recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2007 por “seus esforços para construir e disseminar o conhecimento sobre as mudanças climáticas induzidas pelas atividades humanas, e por desenvolver as bases para as medidas necessárias para lidar com tais mudanças.”
(Instituto CarbonoBrasil)


< voltar