Semiárido mineiro terá mais de 60 mil cisternas de polietileno para captar água da chuva

Data: 10/03/2014

Pelo menos 100 municípios serão beneficiados até final do ano, para o homem do campo conviver melhor com a estiagem que castiga as regiões mais secas do Estado

A universalização do acesso à água aos poucos vai tirando a poeira deixada pelo rastro da seca nas regiões mais cinzentas do norte de Minas Gerais. O cenário tórrido das comunidades castigadas pelos longos períodos de estiagem vai contrastando com a nova realidade de mais de 303 mil moradores das áreas rurais de pelo menos 100 cidades que estão sendo beneficiadas com 60.687 cisternas de polietileno, por meio do programa Água Para Todos, via Ministério da Integração Nacional (MIN). Desse total, mais de 25 mil já estão na casa dos agricultores. As cisternas captam a água da chuva e permitem o armazenamento de 16 mil litros, garantindo condições para uma família de quatro a cinco pessoas se manter por até nove meses de estiagem. Os reservatórios são fabricados pela Acqualimp e entregues pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), e pelo Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene).

Distante 25 km de Montes Claros, está o pequeno município de Glaucilândia, que foi beneficiado com 193 cisternas de polietileno para amenizar os reflexos causados pela estiagem e garantir armazenamento de água para consumo humano e produção de alimentos. Entre os beneficiados na localidade está a agricultora Sebastiana Barbosa Santos de Melo, de 70 anos, moradora do Sítio Bairro de Caiçara. Para ela, que precisou se submeter a uma intervenção cirúrgica para a retirada de 48 pedras nos rins, resultado, segundo diagnóstico médico, de uma vida inteira tomando água com alto índice de calcário, a chegada do reservatório representa qualidade de vida. “Depois de minha cirurgia eu fui proibida de tomar dela e meu marido toda semana ia até Montes Claros pegar água mineral. Eu tinha medo de morrer. Agora essa cisterna chegou, não deu tempo de chover, mas já colocaram água com carro-pipa e graças a Deus e tudo melhorou. A água do poço, a única que a gente tinha, é salobra. Ela acaba com tudo. Com os filtros, as torneiras. Pra beber eu sempre cozinhava, mesmo assim, o gosto ainda era ruim”, contou.

O material utilizado na fabricação dos reservatórios é adequado à região. “A resina de polietileno somente pode fundir a uma temperatura de 147o C, sendo que na região a temperatura máxima pode oscilar em torno de 50o C em períodos de clima mais severo, o que desmistifica a informação incorreta de que as cisternas derretem no calor do sertão. Além disso, essa é uma tecnologia consolidada internacionalmente e utilizada há mais de duas décadas em países com temperaturas semelhantes ou até mais críticas que as encontradas no Nordeste brasileiro”, explicou Amauri Ramos, diretor da Acqualimp. A durabilidade e resistência é outra característica do reservatório. “O polietileno, por sua elasticidade, impede que os tanques apresentem fissuras e trincas. O uso do polietileno também impede vazamentos da água, assim como a contaminação por outros líquidos e resíduos sólidos. Desta forma, preserva a qualidade da água armazenada e proporciona benefícios para a saúde da população atendida. Uma cisterna de polietileno pode durar até 30 anos”, conclui Ramos.

Com a chegada das cisternas de polietileno a vida também ficou mais fácil para o casal de agricultores José Maria da Silva, 43, e Maria de Fátima Souza Silva, 36, na zona rural de Bocaiúva. “A última chuva que deu em dezembro juntou muita água, graças a Deus. E água boa, de qualidade, da chuva. Eu não sabia o que era beber uma água boa de verdade”, comemorou a dona de casa.

A manutenção de uma cisterna de polietileno é de baixíssimo custo, necessitando apenas de limpeza interna uma vez por ano, a qual pode ser feita normalmente pelo próprio beneficiado. A fabricante disponibiliza uma linha telefônica gratuita para atender aos beneficiados, que podem contatar a companhia em caso de dúvidas e até pedir a troca do reservatório, que tem cinco anos de garantia para defeitos de fabricação, quando necessário. O telefone 0800-081-6060 está disponível de 2ª a 6ª das 8h às 17h.



Como participar

Para ser atendido pelo programa é necessário que beneficiário esteja inscrito no Cadastro Social Único (CADÚnico), do Governo Federal e que a família apresente renda familiar per capita de até R$ 140 mensais. Na dúvida, é importante procurar o Comitê Gestor da cidade ou liderança comunitária da localidade. Na ausência deles, deve acionar as Secretarias de Agricultura ou Ação Social do município. Em Minas Gerais, a Codevasf e o Idene atuam nessa frente e estão aptas a tirar dúvidas e orientar quais procedimentos são necessários para ser beneficiado com o programa sem qualquer custo.


revista TAE


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