OCDE defende preço para o carbono e reforma nos subsídios às energias fósseis

Data: 29/01/2014

O secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría, apresentou aos empresários e representantes governamentais reunidos em Davos, na Suíça, para o Fórum Econômico Mundial (FEM), um relatório recomendando a adoção de um preço sobre a emissão de gases do efeito estufa (GEEs) e uma revisão nas políticas de subsídios para os combustíveis fósseis.
Segundo a OCDE, entidade que reúne 33 dos países mais ricos do planeta, entre eles Estados Unidos, Japão, Alemanha e França, a concentração de GEEs na atmosfera já oferece um risco para a economia e para o meio ambiente, e se seguirmos com o modelo de produção atual a tendência é que esse risco aumente consideravelmente.
“É por isso que faço esse forte chamado para que os governos nos coloquem rumo às emissões zero até a segunda metade deste século. Ao contrário da crise financeira, nós não temos disponível um plano B para o clima. Nada menos do que uma transformação do nosso setor de energia é necessária”, declarou Gurriá.
De acordo com o documento, que já havia sido divulgado no final do ano passado, implementar taxas de carbono ou esquemas de comércio de emissões é o primeiro passo que todos os governos devem fazer se estão mesmo comprometidos em reduzir a liberação de GEEs.
Em seguida, é necessário repensar toda a política de subsídios para os combustíveis fósseis. Segundo os números da OCDE, os países-membros da organização gastam entre US$ 55 bilhões e US$ 90 bilhões anualmente para ajudar na exploração, produção e distribuição de petróleo, carvão e gás natural. Mesmo as nações que não estão na OCDE, como China e Brasil, também fornecem subsídios às fósseis, uma quantia que chegaria a US$ 523 bilhões ao ano.
Gurriá reconhece que alterar esse cenário será difícil, mas aponta que deve partir dos governos a iniciativa para mudar a situação.
“Existe atualmente uma lacuna de credibilidade entre o que os governos estão falando sobre as mudanças climáticas e as políticas que temos em prática. A maioria das empresas ainda não enxerga seriedade nas ações climáticas governamentais, por sua inconsistência, incoerência e por frequentes alterações. Dessa forma, os empresários ficam relutantes para investir em tecnologias verdes”, afirmou.
O secretário-geral apresentou números que mostram que ações de adaptação e mitigação aos eventos climáticos extremos são muito mais baratas do que as de reconstrução.
As obras de reparação dos estragos do furacão Sandy, que atingiu os Estados Unidos em 2012, e que ainda estão em andamento, custarão nada menos do que 0,5% do PIB do país, um volume de recursos muito superior ao que seria necessário para instalar barreiras de proteção e outras medidas destinadas a reduzir os impactos de eventos extremos.
“Estamos em uma rota de colisão com a natureza. Agora é a hora para decisões ambiciosas. Escolher apenas umas poucas ações não será o suficiente. É preciso que haja progresso em todas as frentes, particularmente no que diz respeito à precificação do carbono. Estou confiante de que líderes surgirão para esse desafio, pessoas que irão combater as mudanças climáticas e aproveitar as oportunidades econômicas que um mundo pós-carbono tem a oferecer”, concluiu Gurriá.
(Instituto CarbonoBrasil)


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