Incerteza regulatória desencoraja investimento das empresas em sustentabilidade

Data: 24/01/2014
Quase 3/4 das empresas, incluindo algumas das maiores do mundo, identificaram um risco atual ou futuro relacionado às mudanças climáticas. Foto: lassi.kurkijarvi
Cada vez mais, as empresas reconhecem o risco climático em suas cadeias de fornecimento, mas os investimentos em programas de redução de emissões estão diminuindo, de acordo com pesquisa divulgada na quarta-feira, 22 de janeiro, pela organização internacional CDP. Segundo o levantamento publicado juntamente com a Accenture, existe uma clara ligação entre a estagnação das reduções de emissões dentro da cadeia de fornecimento e o cenário regulatório incerto.

De acordo com o relatório Collaborative action on climate risk (ou “Ação Colaborativa frente o risco climático”), cada vez mais empresas estão relatando seus programas de redução de emissões e há benefícios financeiros claros de investimento em sustentabilidade. No entanto, a economia monetária média dos esforços de redução de emissões caiu 44% nos últimos 12 meses. O relatório aponta para uma distância ainda maior do que a já apontada no ano passado entre as emissões das empresas-membro do programa CDP Supply Chain e seus fornecedores.

A pesquisa é baseada em informações de 2.868 empresas, incluindo algumas das maiores corporações do mundo, o que reflete um crescimento de mais de um quinto desde o ano passado. Estas empresas produziram cerca de 14% das emissões industriais globais de 2013. Os 64 membros do CDP Supply Chain responsáveis pelo pedido de informação junto a suas cadeias de fornecimento para produzir esse relatório representam juntos um poder aquisitivo anual combinado de quase US$ 1,15 trilhão.

O relatório do CDP Supply Chain global deste ano revela que:

- Quase 3/4 das empresas, incluindo algumas das maiores do mundo, identificaram um risco atual ou futuro relacionado às mudanças climáticas, enquanto 56% das empresas afirmaram que os consumidores estão se tornando cada vez mais receptivos a produtos e serviços de baixo carbono;

- A incerteza regulatória está tornando as empresas cautelosas em investir em ações de reduções de emissões e sustentabilidade nas cadeias de valor. Cerca de 90% das empresas que identificam um risco atual ou futuro citaram o risco regulatório como uma barreira para investimentos;

- Os investimentos em programas de redução de emissões diminuíram no ano passado e estiveram focados em ações de curto prazo. Sete dos dez setores que compõem o cenário do CDP Supply Chain global reportaram queda nos investimentos em comparação a anos anteriores. Iniciativas com rápido retorno de investimento (inferior a três anos) estão em ascensão e quase dobraram entre 2011 e 2013. O valor médio investido por empresa respondente caiu 22% desde o ano passado;

- Para lidar com a incerteza de políticas, a pesquisa perguntou quais regulamentações seriam mais apoiadas pelas empresas. Das empresas que relatam o envolvimento com formuladores de políticas, o apoio foi mais forte a políticas que promovam a eficiência energética e geração de energia limpa, com 81%. Relatórios obrigatórios de carbono foram apoiados por 67%, mas programas de Cap and Trade receberam o apoio irrestrito de apenas 43%.

- O fator mais importante para melhora no desempenho é a colaboração através de toda cadeia de fornecimento. Observa-se uma margem enorme para mais colaboração: os participantes do programa identificaram 2.186 oportunidades colaborativas. As empresas que engajam dois ou mais fornecedores, clientes ou parceiros tem mais do que o dobro de chance de ter retorno financeiro de seus investimentos em redução de emissões.

Transparência

“Quando os governos apresentarem um preço global mais realista sobre o carbono, o número de investimentos em reduções de emissões de empresas deve crescer consideravelmente”, projeta Paul Simpson, CEO do CDP.

“Este relatório mostra evidências claras de que quanto mais transparente forem as empresas sobre seus riscos provenientes das mudanças climáticas mais propensas serão a alcançar as maiores reduções de emissões”, afirmou Gary Hanifan, líder de sustentabilidade global para supply chain da Accenture.

“E estas companhias também estão mais propensas a ter economias financeiras graças a suas respostas aos riscos das mudanças climáticas. Mas o retorno sobre o investimento das empresas mais proativas não vai atingir o seu pleno potencial até que elas passem a engajar seus fornecedores a seguir o seu exemplo”, finaliza o executivo.

EcoD.


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