Embrapii deve abrir três editais e credenciar 20 unidades em 2014

Data: 16/12/2013


A assinatura do contrato de gestão da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) com o governo federal foi realizada no dia 5 de novembro, em Brasília. Os investimentos previstos para a iniciativa são de R$ 4,5 bilhões nos próximos seis anos. Pela previsão do diretor-presidente da organização social, João Fernando de Oliveira, o sistema deve credenciar até 20 unidades em 2014.

“Nós temos R$ 270 milhões para iniciar a estruturação e a operação”, contou Oliveira. “Nessa primeira etapa, pretendemos abrir três editais, com objetivo de, ao final do ano que vem, chegar a 23 unidades Embrapii, incluindo aí cinco polos de inovação relacionados a institutos federais e as três unidades do projeto piloto, que já foram testadas e têm projetos em andamento.”

Segundo o diretor-presidente, a intenção é que a Embrapii termine o primeiro termo do contrato, ao fim de seis anos, com 40 instituições de ciência e tecnologia credenciadas. “Isso se aproximaria do tamanho do sistema Fraunhofer, que hoje tem 66 unidades”, disse Oliveira, comparando a iniciativa brasileira à organização alemã que lhe serviu de referência.

Previsto para fevereiro ou março, o primeiro edital de seleção de novas unidades deve estabelecer os critérios mínimos de elegibilidade para uma entidade se candidatar. “Depois, nós teremos um rigoroso processo de avaliação”, detalhou Oliveira, presidente da Embrapii. “Visitaremos as instituições, que terão que defender o seu plano de negócios e demonstrar que realmente serão capazes de atender demandas industriais.”

Como já passaram por um processo de validação, conforme explicou Oliveira, as três unidades do projeto piloto precisam apenas submeter planos atualizados à Embrapii. Desde 2011, operam a fase preliminar o Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT), de São Paulo, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI), do Rio de Janeiro, e o Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Cimatec/Senai), da Bahia.

Para o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI, Alvaro Prata, a experiência ajudou a conceber o modelo da organização social. “O projeto piloto contempla três entidades muito diferentes na sua natureza: uma unidade do MCTI, uma instituição estadual e um laboratório do Senai”, observou. “Nós acompanhamos esse funcionamento inicial, aprendemos muito e percebemos, a partir daí, como a Embrapii deveria se estruturar.”

Além de Oliveira, assinaram o contrato de gestão os ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, e da Educação, Aloizio Mercadante, o diretor de Articulação e Monitoramento da Embrapii, Roberto Vermulm, o presidente do Conselho de Administração da organização social, Pedro Wongtschowski, que também é presidente do Conselho Superior da Anpei, e o secretário de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Nelson Fujimoto. O presidente da Anpei, Carlos Eduardo Calmanovici, participou do encontro.

“A Embrapii tem um papel fundamental para viabilizar essa questão, porque o país investiu 50 anos na criação de uma estrutura acadêmica de ciência e tecnologia, e nossa indústria não pode começar a inovar do zero, tem que usar essa estrutura”, disse o ministro Raupp.

Mercadante endossou o discurso de Raupp quanto à necessidade de mudar hábitos da universidade brasileira, acostumada a atuar sem a demanda da indústria, mas enfatizou o baixo investimento privado em pesquisa e desenvolvimento, a partir de dados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Nós tivemos uma pequena melhora, de 0,62% em 2008 para 0,71% em 2011, muito pouco diante do desafio que temos pela frente.”

De acordo com a Pintec, o percentual de indústrias brasileiras que inovam caiu de 38,1%, em 2008, para 35,6%, em 2011. “Pela importância de se criar uma cultura empresarial, o Estado tem uma política de indução para fortalecer essa parceria. E eu vejo que a Embrapii nasceu dentro dessa perspectiva do diálogo e do encontro entre esses dois universos da produção de conhecimento nacional.”

Wongtschowski destacou a ambição do governo, que prevê aporte de R$ 1,5 bilhão no período de seis anos. “Isso representa, portanto, um investimento total da ordem de R$ 4,5 bilhões”, revelou o presidente do Conselho de Administração. “Todas as iniciativas recentes, especialmente o Plano Inova Empresa, indicam que há demanda, sim, por financiamento à inovação.”

Na opinião de Wongtschowski, a “grande contrapartida” do Estado brasileiro e da unidade permitirá à empresa se lançar em projetos de maior risco. “A Embrapii não vai ter instalações de pesquisa e desenvolvimento, mas vai credenciar grupos de pesquisa existentes em ICTs [instituições de ciência e tecnologia">, polos de inovação de universidades ou institutos Senai de inovação”, explicou. “Essas entidades vão receber recursos em troca da obrigação de atrair a empresa privada e ajudá-la a inovar.”

MCTI


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