Ausência de ambição nas metas climáticas prejudica o MDL

Data: 05/11/2013

O Comitê Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) divulgou o seu relatório para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), trazendo a preocupação de que diversos projetos não darão continuidade às atividades de verificação dos cortes nas emissões.
A publicação coloca a ausência de demanda para as Reduções Certificadas de Emissão (RCEs), créditos resultantes dos projetos de MDL, como um dos principais desafios, além de trazer uma série de recomendações.
Entre elas, o comitê pede que a conferência incentive as partes a usar o MDL, inclusive através do cancelamento voluntário de RCEs no registro do esquema para fins de cumprimento das metas de países, empresas, agências e outras entidades.
O cancelamento voluntário permite aos proprietários de RCEs acessar o mercado de carbono, ampliando as fontes de demanda ao considerar organizações e indivíduos que desejam cortar a sua pegada de carbono.
O comitê coloca a ausência de ambição dos países na redução das emissões de gases do efeito como um dos culpados pela baixa demanda.
Poucos países se comprometeram com o segundo período de compromissos do Protocolo de Quioto, as metas são amenas e há várias restrições ao uso de RCEs, portanto, as perspectivas de demanda não são muito positivas.
Mesmo assim, quase 7.300 projetos foram registrados sob o MDL em 89 países, e cerca de 1.200 estão em processo de validação, coloca o comitê. A emissão de 1,38 bilhão de RCEs, o investimento de US$ 315 bilhões e a economia de US$ 3,6 bilhões também são resultados do MDL.
Porém, o comitê ressalta que houve um declínio de seis vezes, para 346, no número de projetos submetidos à validação no período de 14 de setembro de 2012 a 04 de outubro de 2013, em comparação com 2.276 no ano anterior.
Desenvolvedores de projetos
A falta de ambição nas metas climáticas também foi a crítica de um grupo chamado Fórum dos Desenvolvedores de Projetos, enfatizando, em um documento destinado à próxima conferência do clima, que isso está prejudicando os investimentos em projetos de energias limpas.
O documento também oferece uma série de recomendações, entre elas que a ‘infraestrutura’ do MDL seja preparada para se tornar uma provedora de serviços para novas abordagens, como o ‘Framework for Various Approaches’ e os ‘Novos Mecanismos de Mercado’.
Sinergias entre o MDL e as Ações Nacionais Apropriadas de Mitigação (NAMAs), bancos de desenvolvimento multilaterais e o Fundo Verde do Clima também são sugeridas.
Uma pesquisa realizada com os maiores desenvolvedores do setor revelou que 82% das empresas citam a ausência de ambição das metas nacionais como a barreira mais significativa à evolução dos projetos de energias limpas e redução das emissões.
Quase metade das 17 empresas que responderam à pesquisa disse que detém ou gerencia projetos que pararam devido ao preço baixo do carbono, resultando na liberação de milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera.
“Os resultados desta pesquisa enviam um sinal forte aos líderes mundiais de que eles devem agir rapidamente e decisivamente para ajudar a recuperar o preço das emissões de carbono e salvaguardar o investimento futuro na energia limpa”, alertou Gareth Phillips, presidente do Fórum.
Outra pesquisa realizada pelo Fórum com seus membros mostrou uma perda de mais de 50% dos funcionários nas empresas de países desenvolvidos e 33% nos em desenvolvimento. Cerca de 50% pretendiam investir menos no MDL do que há dois anos. A receita proveniente do MDL caiu de 71% do faturamento total das empresas em 2011 para apenas 41% em 2013.
(Instituto CarbonoBrasil)


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