Água Limpa, do DAEE, ajuda a universalizar saneamento no Interior

Data: 11/10/2013


O Estado de São Paulo será o primeiro do Brasil a universalizar o saneamento básico até o final da década, sendo que, para 2014, trabalha-se para alcançar quase 100% dessa meta no Interior. Depois, em 2016, será a vez de todo o Litoral e, em 2020, da Região Metropolitana, lembrando que, em alguns municípios, o saneamento está nas mãos de concessionárias privadas.

No encalço dessa marca, o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), vinculado a Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, administra o Programa Água Limpa desde 2005, quando foi criado. Por meio dele, as prefeituras dos municípios do Interior, com até 50 mil habitantes e não atendidos pela SABESP, são beneficiados com sistemas de saneamento para limpar seus córregos, rios e suas bacias hidrográficas.

O Governo do Estado disponibiliza os recursos financeiros para a construção de ETEs (Estações de Tratamento de Esgoto), a implantação e execução de emissários e estações elevatórias. O DAEE faz todo o acompanhamento técnico, mas, para isso, a prefeitura deve ter posse da área onde será construída a estação, além das licenças ambientais necessárias.


Mais do que beneficiar os rios locais dos municípios, toda a bacia hidrográfica acaba sendo favorecida,já que, com amelhoria dos recursos hídricos, são reduzidosos custos do tratamento da água destinada ao abastecimento público, entre outros.

Já foram investidos R$ 324 milhões em obras. Até 2015, o programa vai beneficiar mais de 3,1 milhões de habitantes só pelas ETEs construídas pelo DAEE e serão retiradas cerca de 6,3 mil toneladas de carga orgânica por mês dos cursos d’água.

Segundo o Instituto Trata Brasil, são lançados diariamente mais de 8 bilhões de litros de esgoto in natura nas águas dos rios brasileiros. O Estado de São Paulo trata mais de 50% do seu esgoto, segundo a mesma entidade -uma realidade muito distante em outras localidades - e é líder em tratamento no país. O governo paulista trabalha para se tornar o primeiro a levar tratamento para todas as suas cidades, conseguindo a universalização do serviço.

“65% das internações de crianças menores de 10 anos de idade podem ser provocadas por males oriundos da deficiência ou inexistência de tratamento de esgoto e água limpa”

As lagoas de tratamento - O Programa Água Limpa usa diversos tipos de projeto para as estações de tratamento de esgoto. É usado o melhor modelo para o município, levando em consideração o espaço e a topografia da área.

Lagoas de estabilização - É o sistema de tratamento mais utilizado pelo Programa Água Limpa. Sua composição usa três lagoas: anaeróbia, facultativa e maturação.

Este é um processo natural que não exige equipamentos de alto custo nem adição de produtos químicos, sendo, portanto, de fácil operação e manutenção. Essas características tornam o processo ideal para comunidades de pequeno e médio porte que disponham de terrenos de baixo custo, pois a ETE ocupa grande espaço de área.

O esgoto urbano é depurado pela ação de bactérias e algas, obtendo uma redução de até 95% de sua carga poluidora, medida em DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio). Este método é realizado em três fases:

- Na primeira, o esgoto bruto (99% de água e 1% de resíduos sólidos) é decomposto por bactérias anaeróbias (que não necessitam de oxigênio para viver). Em apenas cinco dias, as bactérias reduzem em 50% a carga poluidora. Esta etapa gera gás metano, que exala mau cheiro e cria uma crosta na superfície que ajuda a manter as condições anaeróbias no meio líquido.

- Na segunda, lagoa ocorre o tratamento biológico, em que a decomposição da matéria orgânica é realizada por bactérias anaeróbias no fundo da lagoa, bactérias aeróbias (que necessitam oxigênio) na superfície, e bactérias facultativas, que se adaptam a ambas as condições. Em cerca de 20 dias, são removidas mais de 85% da carga poluidora (DBO).

A remoção dos coliformes fecais e outros agentes que provocam doenças são eliminados na terceira lagoa (de maturação), onde o esgoto já praticamente tratado passa por um processo de purificação. As bactérias são eliminadas pela ação de algas. A água tratada é então lançada nos córregos e ribeirões, com padrão adequado para sustentabilidade da flora e da fauna aquáticas.

Lagoa aerada aeróbia seguida de lagoa de decantação - Neste processo, é necessário que a lagoa possua oxigênio e profundidade entre 2,5m a 4m. Os aeradores servem para garantir o oxigênio no centro e manter os sólidos bem separados do líquido (em suspensão). A qualidade desse esgoto ainda não é adequada para lançamento direto, por conter uma grande quantidade de sólidos. Por isso, são geralmente seguidas por outras lagoas, onde será realizada a separação dessas partículas.

Nos decantadores, o lodo é sedimentado por gravidade e o líquido, já tratado, é coletado na parte superficial através de uma calha, conduzido por um canal, e lançado no rio livre de qualquer tipo de substância nociva à flora ou fauna, atendendo ao disposto na Resolução n.° 357/2005 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). A qualidade desta água apresenta características melhores do que a do próprio rio. Parte do lodo depositado retorna aos tanques de aeração para assegurar o equilíbrio do processo. A parte excedente é bombeada ao adensador.

Lodos ativados modalidade aeração prolongada - É um processo biológico onde o esgoto afluente (na presença de oxigênio dissolvido, agitação mecânica e pelo crescimento e atuação de microorganismos) forma flocos, chamados de lodo ativado ou lodo biológico. Essa fase do tratamento busca a remoção de matéria orgânica biodegradável presente nos esgotos. Após essa etapa, a fase sólida é separada da líquida em outra unidade operacional - o decantador.

O lodo ativado separado retorna para o início do processo. Também pode ser retirado para tratamento específico ou para seu destino final.

Estações compactas de reator anaeróbio e aeróbio – Nos reatoresaeróbios ocorrem as reações bioquímicas de minimização da matéria orgânica presente. A biomassa “lodo” existente no reator usa essa matéria orgânica como substrato (alimento) para se desenvolver. Com a entrada contínua de alimento, na forma de DBO5,e na presença de oxigênio introduzido pelo aerador, os microorganismos crescem e se reproduzem continuamente.

O reator anaeróbio de fluxo ascendente (RAFA ou UASB) consiste em um tanque de PRFV (plástico reforçado de fibra de vidro) fechado, projetado para receber o esgoto doméstico. É um método simples e econômico, que trabalha com bactérias anaeróbicas, dispensando sistema de ventilação. O fluxo hidráulico funciona por gravidade, sem uso de bombas.

Reator anaeróbio (UASB) seguido de tratamento complementar - Nos reatores anaeróbios de fluxo ascendente em manto de lodo ocorre a primeira etapa biológica do tratamento.

A biomassa cresce e dispersa no centro, sem aderir a um meio suporte especialmente incluído. Ao aumentar de tamanho, pode formar pequenos grânulos, correspondente à aglutinação dediversas bactérias, servindo de meio suporte para outras bactérias. A granulação auxilia no aumento da eficiência do sistema, mas não é fundamental para o funcionamento do reator.

A concentração de biomassa no reator é bastante elevada, justificando a denominação de manta de lodo. Com isso, o volume requerido para este tipo de reator é bastante reduzido, em comparação com os outros sistemas de tratamento.

DAEE


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