Pesquisas serão apresentadas no maior congresso do setor de saneamento

No período de 15 a 19 de setembro, especialistas em saneamento básico estarão reunidos em Goiânia (GO) para discutir sobre “Saneamento, Ambiente e Sociedade: Entre a gestão, a política e a tecnologia”. A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) estará presente para apresentar os resultados de nove trabalhos desenvolvidos por técnicos que pesquisaram soluções para problemas enfrentados no dia a dia nos sistemas de água e de esgoto. Além disso, o diretor administrativo, Antonio Hallage, e empregados participarão de painéis, mesas-redondas e fóruns onde serão abordados temas específicos.

O 27.º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental é promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes). Além das discussões técnicas, estão previstas atividades paralelas como a X Feira Internacional de Tecnologias de Saneamento Ambiental (Fitabes), o Campeonato de Operadores e a Olimpíada Jovens Profissionais do Saneamento, além de visitas técnicas. O Congresso será realizado no Centro de Convenções de Goiânia.

Economia de energia - No Congresso, o pesquisador Vinícius Alberto Adorno Vasilio vai mostrar que a utilização de inversores de frequência em uma estação elevatória de Apucarana está reduzindo em 21,5% o consumo de energia elétrica no horário de ponta. Em sistemas de distribuição de água tratada, além de reduzir o consumo de energia elétrica, a implantação de inversores de frequência contribui para diminuir as perdas reais de água. A pesquisa, que teve início em setembro de 2011, também mostra que a utilização dos inversores de freqüência é uma alternativa viável para novos projetos e para sistemas já existentes. Para melhores resultados, o autor recomenda que sejam levados em conta os fatores operacionais de cada unidade. O investimento em equipamentos foi de R$ 258 mil.

Escuma - A caracterização da escuma produzida nas estações de tratamento de esgoto (ETEs) será apresentada pela pesquisadora da Sanepar Bárbara Zanicotti Leite Ross. Os estudos consistiram no diagnóstico sobre o gerenciamento da escuma em 203 ETEs que atendem 143 cidades do Paraná e nas determinações em laboratório das propriedades da escuma produzida em duas ETEs da Região Metropolitana de Curitiba, incluindo a composição físico-química, presença de coliformes termotolerantes e salmonela, elementos nutrientes, tóxicos e potencial calorífico. O estudo verificou que a composição da escuma não difere muito da composição do lodo de esgoto. Os autores também identificaram que as práticas de gerenciamento da escuma são bastante diferentes de uma regional para outra e que há necessidade de aprimorar a forma de retirada do material da superfície dos reatores. Participaram desta pesquisa o também pesquisador da Sanepar Charles Carneiro e os professores da Universidade Federal do Paraná, Miguel Mansur Aisse e Sandro Froehner.

Peróxido de hidrogênio - Durante o processo de tratamento do esgoto são gerados subprodutos, entre eles gases que provocam mau cheiro, que extrapolam as áreas das plantas industriais. Os gases, que decorrem da produção de sulfetos no meio líquido, se desprendem para a atmosfera na forma de ácido sulfídrico. Em uma das grandes estações de tratamento da Região Metropolitana de Curitiba, os técnicos aplicaram peróxido de hidrogênio, com o objetivo de identificar, entre as diferentes dosagens, a que melhor se aplica em cada estação para minimizar os impactos do mau cheiro. Os pesquisadores da Sanepar César Augusto Marin, Eduardo Massahiro Ishisato, Bárbara Zanicotti Leite Ross e Aline Assunção Bongiolo, obtiveram resultados promissores, mostrando que a tecnologia é efetiva na oxidação dos sulfetos presentes no esgoto que circula pela estação, durante as várias fases do tratamento.

Produção ampliada - A implantação de 12 ventosas e a substituição das 23 existentes na adutora de água bruta do Rio Pato Branco permitiu aumentar a capacidade de produção de água tratada para a população de Pato Branco em 20,6%. Este é um dos resultados do trabalho que os engenheiros Romulo Ruiz Gasparini e Marcelo Dalcul Depexe vão apresentar no Congresso da Abes. O estudo também confirmou que a instalação das ventosas permite estender o atendimento da demanda até 2015, sem aumentar o consumo de energia elétrica para bombear a água bruta até a estação de tratamento. Outra contribuição é a ampliação da vida útil de todo o sistema produtor em cinco anos. As ventosas foram instaladas com a adutora em carga para evitar falta de água para os consumidores. A adutora tem 12.458 metros.

Biogás - Durante seis meses, foram mensurados ininterruptamente o teor de metano, a vazão, a pressão e a temperatura do biogás produzido na maior estação de tratamento anaeróbio de esgotos domésticos da Sanepar (ETE Atuba Sul). Os empregados Gustavo Rafael Collere Possetti, Nilton César Mesquita, Karina Kriguel, Charles Carneiro e estagiária Vanessa Pereira Jasinski, realizaram medições em tempo real do biogás e identificaram que a produção de biogás segue, em geral, um comportamento padrão, influenciado pela chuva e pelas características físicas e químicas do esgoto bruto. Constatou-se que as taxas médias de produção de biogás mensuradas são bem menores do que aquelas estimadas com modelos tradicionais, indicando que maior quantidade de biogás pode ser captada, mediante redução de fugas do gás e recuperação da parcela que permanece dissolvida no efluente. Os resultados obtidos forneceram parâmetros precisos para a análise da viabilidade técnica e financeira do aproveitamento energético do biogás. Também serviram de referência para inventário de emissões de gases do efeito estufa da Sanepar.

GPR - O artigo "Determinação prévia do caminhamento de redes e ramais de abastecimento de água existentes para passagem de obras de saneamento" é o procedimento técnico que será apresentado por Julio Kazuhiro Tino e Marcos Antonio Machioni. O equipamento denominado GPR (Ground Penetration Radar) auxilia na identificação da localização exata das tubulações enterradas para determinação prévia do traçado de redes e ramais. Conhecendo-se onde estão as redes de água, será possível evitar o rompimento das mesmas quando da execução de obras de esgoto, drenagem urbana e até de outras concessionárias. O equipamento deve contribuir para reduzir os índices de perdas de água, evitar atraso em obras e contratempos causados pela abertura desnecessária de valas.

Sistemas de flotação - Os técnicos da Sanepar, em pesquisa realizada na Estação de Tratamento de Esgoto de Campo Largo, concluíram que o polímero catiônico forte oferece resultados promissores como coagulante para os sistemas de flotação por ar dissolvido, podendo substituir o cloreto férrico em casos específicos. Entre os benefícios identificados pela pesquisa, estão a não formação de crostas de lodo de esgoto nas câmaras de floculação, menor produção de lodo flotado, menor frequência na limpeza de flotação e, por conseqüência, redução nos custos. A pesquisa foi desenvolvida pelos empregados da Sanepar Marino Kumegawa, Jaqueline Shirado e Eduardo Pegorini. O trabalho será apresentado no Congresso da Abes no formato poster.

Potencial agronômico - Também como poster serão apresentadas as conclusões sobre as características químicas dos biossólidos higienizados por diferentes produtos químicos, assim como o potencial agronômico. Em substituição à caleação, os pesquisadores avaliaram a aplicação de hipoclorito de sódio, peróxido de hidrogênio e ácidos orgânicos acético e peracético. Ivaldete Tijolin Barros, Cleverson Vitorio Andreoli e Antonio Carlos Saraiva da Costa concluíram que, entre os produtos usados como alternativa de higienização, os ácidos orgânicos não interferiram na disponibilidade de nutrientes do lodo de esgoto; o peróxido de hidrogênio causou grande perda de nitrogênio e o hipoclorito de sódio provocou elevada concentração de sódio. Enquanto que a caleação promoveu aumento de pH, do Cálcio (Ca) e do Magnésio (Mg) e decréscimo nos valores dos demais nutrientes do biossólido. Em todos os tratamentos, os metais dos lodos estiveram abaixo dos limites de fitotoxidade, o que demonstra a possibilidade de utilização agrícola dos mesmos.

Tarifação horária - O trabalho "Cálculo de tarifas horárias aplicáveis ao sistema de distribuição de água da zona industrial de Curitiba", desenvolvido por Ary Haro dos Anjos Junior e Edymilson Luiz dos Santos, mostra a aplicação de um modelo matemático para calcular os valores das tarifas horárias (na ponta e fora de ponta) vinculadas ao sistema de distribuição de água da zona industrial da cidade de Curitiba. O modelo proposto onera os usuários proporcionalmente aos custos que estes usuários impõem ao próprio sistema, conforme o utilizam ao longo do tempo. O trabalho sugere que a adoção de um modelo de tarifação horária, no âmbito de uma empresa de saneamento, pode se constituir em elemento indutor do desenvolvimento institucional e tecnológico da própria empresa – além de possibilitar ganhos econômicos para ambas as partes. Os autores utilizaram 8.500 registros de medições horárias de consumo de água da zona industrial, obtidas no período de 1 de agosto de 2011 a 31 de julho de 2012.

Operadores - O agente técnico de operação Luiz Celso Pinheiro, que trabalha há sete anos na Sanepar em Londrina, representará a empresa no Campeonato de Operadores, na modalidade montagem de padrão e ramal de ligação de água. A prova será realizada no dia 16. Luiz Celso ganhou o passaporte para participar do Congresso depois de vencer uma Gincana Técnica promovida no final do ano passado.




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