Inovação radical

Data: 13/05/2013

Para provocar as mudanças necessárias que possam gerar valor compartilhado à sociedade e operar dentro da Economia Verde é preciso forte investimento em inovação e ideias criativas e disruptivas. Exemplos práticos do impacto dessas práticas foram apresentados na sala sobre Tecnologia na tarde de ontem (9) do Sustainable Brands Rio.
Sessão 1: Concretizando a mudança de materiais
No encontro moderado pela diretora executiva do CEBDS Lia Lombardi, HP, Braskem, Natura e Matéria Brasil mostraram como respondem ao desafio de desenvolver novos materiais, de menor impacto e ampliar o reaproveitamento.
A HP, por exemplo, chegou a uma embalagem que reutiliza o papel sulfite dos testes de impressão em uma tecnologia criada pela HP Brasil e hoje utilizada pela companhia mundialmente. Os cartuchos da marca ainda utilizam quase 60% de componentes reciclados na sua composição plástica.
Inovação também é a base da Matéria Brasil, organização que une uma consultoria e uma empresa de design de produtos e que disponibilizou seu banco de dados sobre materiais de baixo impacto socioambiental em um sistema aberto na internet. O site oferece informações sobre classe, uso e aplicações de cada item. “Quanto mais disseminarmos informações mais teremos condições de gerar mudança. Queremos oferecer um pouco do nosso conhecimento”, afirmou Carol Piccin.
A Braskem produz desde 2010 o polietileno verde, um plástico proveniente da cana-de-açúcar. Além de ser uma alternativa ao petróleo, há a captura de carbono durante o processo produtivo, motivo pelo qual também é chamado é plástico verde. “Cada um 1 kg de polietileno verde capta 2.5 kg de carbono”, disse Cláudia Cappra, líder comercial de renováveis da companhia.
Por fim, o gerente de Tecnologias Sustentáveis da Natura, Sérgio Camargo, apresentou o resultado de uma pesquisa de seis anos da empresa para desenvolver o óleo de palma de forma mais sustentável na Amazônia. Em parceria com pequenos produtores rurais locais e Embrapa, entre outros órgãos, a palma (o dendê no Brasil) foi cultivada em um sistema combinado com outas culturas como açaí, maracujá e banana, entrou outros – algo inédito do mundo.
Sessão 2: Tecnologia impulsiona a cocriação
A força está no coletivo! As iniciativas apresentadas na segunda sessão temática mostraram que a cocriação gera resultados mais inovadores, de maior impacto e se multiplicam no País e no mundo na discussão moderada por Rodrigo Cunha, da Profile.
A diretora da empresa americana WebFilings, Liv Watson, apresentou sua plataforma aberta para gerenciar dados e elaborar os relatórios financeiros e de sustentabilidade das empresas. A tecnologia permite que as informações sejam acessadas e gerenciadas por diversos usuários de forma mais rápida e integrada que os tradicionais documentos em word e excel.
Além de ser importante polo de empreendedorismo e tecnologia, a Porto Digital também se destaca quando o tema é construção coletiva. O núcleo que reúne 230 empresas em Recife (PE) e congrega iniciativa privada, universidades e governo, ajudou a revitalizar a região de entorno, fomentar o desenvolvimento de jovens e gerar riqueza, emprego e renda, conforme explicou Joana Sampaio.
O potencial das redes foi destacado por Tomás de Lara, da Engage, que apresentou a plataforma de cocriação online Mineo. Desenvolvida em parceria com a Matéria Brasil, o espaço oferece a oportunidade a pessoas com boas ideias de se conectar e obter ajuda para desenvolver seus projetos. O diferencial da iniciativa é o critério de utilizar apenas materiais de baixo impacto socioambiental.
Outra iniciativa recém-criada é o MeuRio, plataforma online que ajuda pessoas ou grupos na criação de movimentos em favor de causas sociais pela internet. Entre as ferramentas, há a Panela de Pressão que oferece informações de todos os órgãos de poder e informações de contato para facilitar a cobrança. “Os investimentos que o Rio está recebendo representam uma oportunidade única para a comunidade que deve pressionar o governo para a aplicação correta”, afirma Renato Guimarães, da Purpose, criadora do MeuRio.
Sessão 3: O poder das tecnologias disruptivas
Experiências de inovação radical encerraram a sessão temática. TerpenOil, Brasil Kirin, Novozymes e AES Brasil apresentaram suas iniciativas de tecnologias disruptivas, ou seja, projetos com potencial de transformar as técnicas e práticas atualmente existentes no mercado.
São iniciativas como o sistema de despoluição do solo da TerpenOil que, além da descontaminação da área recupera o óleo então poluidor para destinação à reciclagem.
A marca de bebidas Brasil Kirin também está investindo significativamente para produzir energia própria com a construção de uma planta de energia eólica que será responsável por um terço do consumo da empresa.
Desenvolvedora de biotecnologia, as enzimas da Novozymes estão presentes hoje em produtos tão diversos como detergentes e bebidas e se apresentam como uma alternativa à tecnologia do petróleo. “As plantas podem fazer muito mais que o petróleo”, defendeu Pedro Luiz Fernandes, CEO da companhia no Brasil.
Por fim, a AES Brasil apresentou seu projeto piloto de instalação de um sistema inteligente de tecnologia da informação, os chamados smart grids, em Barueri (SP). A tecnologia ampliará o controle, prevenindo fraudes, dará mais agilidade ao sistema para identificar e solucionar problemas de fornecimento, entre outras vantagens.
(SB Rio)


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