Cortes em outros poluentes além do CO2 podem auxiliar clima

Data: 08/05/2013
Uma ação combinada em escala planetária poderia desacelerar a elevação do nível do mar e reduzir alguns dos efeitos mais prejudiciais do aquecimento global – através da limitação não do dióxido de carbono, mas de quatro outros poluentes, de acordo com uma nova pesquisa publicada na Nature Climate Change.
Veerabhadran Ramanathan, do Instituto Scripps de Oceanografia nos EUA, e seus colegas argumentam que diminuindo os níveis na atmosfera dos poluentes de curta duração ozônio, metano, carbono negro e hidrofluorcarbonos, os governos poderiam reduzir temporariamente a taxa do aumento do nível do mar entre 25 e 50%.
Já que algumas das maiores cidades do mundo – Nova York, Bombaim, Tóquio, Amsterdã, Miami, Xangai e assim por diante – estão no nível do mar, as recompensas por reduzir as emissões seriam consideráveis.
“Para evitar a potencialmente perigosa elevação do nível do mar, poderíamos cortar as emissões de poluentes de curta duração mesmo se não pudermos cortar imediatamente as emissões de dióxido de carbono”, afirmou Aixue Hu, do Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica dos EUA, um dos coautores.
“Essa nova pesquisa mostra que a sociedade pode reduzir significativamente a ameaça às cidades costeiras se agir rapidamente em relação a alguns poluentes.”
O dióxido de carbono, uma vez na atmosfera, tende a permanecer nela por séculos. O quarteto identificado pelos pesquisadores são todos poluentes de curta duração, e liberados em quantidades muito menores, mas armazenam mais calor na baixa atmosfera. A redução não seria simples.
Os hidrofluorcarbonos se tornaram os substitutos para a refrigeração dos notórios e agora proibidos clorofluorcarbonos, que ameaçavam a camada de ozônio estratosférico nos anos 1980.
Concentrações de ozônio em baixo nível tendem a se acumular nas emanações do trânsito de cidades cheias de poluição, mas podem também – como relatou o Climate Network News em janeiro – ocorrer como uma consequência do reflorestamento ou de projetos de biocombustíveis.
O metano, ou gás natural, é liberado tanto pela agricultura quanto pela decomposição em zonas tropicais e temperadas. Enormes reservas de metano existem naturalmente nos solos e no fundo do mar, e a liberação destas poderia ser calamitosa.
O carbono negro ou fuligem da queima de carvão, incêndios florestais e motores a diesel foi em janeiro identificado como o segundo maior contribuinte para o aquecimento global.
Há algumas décadas, os cientistas identificaram o crescimento das emissões de dióxido de carbono como o maior e mais ameaçador fator das mudanças climáticas: governos concordaram que gostariam de limitar a elevação global média das temperaturas a 2ºC, mas ainda têm que decidir um plano para grandes reduções de emissões em escala global.
Os pesquisadores dos EUA procuram pelas formas mais rápidas de desacelerar as piores consequências das mudanças climáticas e para isso definiram algumas das outras fontes do aquecimento.
Seus modelos de computador revelaram que uma forte redução na liberação desses poluentes poderia compensar a elevação das temperaturas em até 50% até 2050.
O nível do mar tem subido três milímetros por ano e estima-se que se eleve em até 59 centímetros nesse século. Uma ação rápida sobre os poluentes de curta duração poderia reduzir essa elevação de 22 a 42% até 2100. Se os governos também conseguirem reduzir as emissões de dióxido de carbono, o aumento do nível do mar total poderia ser diminuído em pelo menos 30% até 2100.
“Ainda não é tarde demais, estabilizar as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera e reduzir as emissões de poluentes de curta duração para diminuir a taxa de aquecimento e reduzir o aumento do nível do mar”, declarou o professor Ramanathan. “O maior papel dos poluentes de curta duração [no aquecimento global"> é encorajador, já que há tecnologias disponíveis para cortar drasticamente suas emissões.”
* Traduzido por Jéssica Lipinski
Leia o original no Climate News Network (inglês)
(Instituto CarbonoBrasil)


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