Estados insulares querem compensação por inação climática

Data: 02/05/2013

A Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS) afirmou nesta segunda-feira (29) durante as negociações climáticas de Bonn, na Alemanha, que, a menos que os países desenvolvidos adotem metas mais ambiciosas para reduzir as emissões de CO2 e combater as mudanças climáticas, pretende exigir uma compensação para os efeitos do fenômeno em seus estados membros.
As nações que fazem parte da aliança são pequenos países formados por ilhas, que, em sua maioria, estão enfrentando grandes problemas como a perda de território e de colheitas, enchentes e salinização de suas reservas hídricas devido ao avanço do nível do mar, um dos muitos impactos das mudanças climáticas.
Por causa dessas consequências, muitas dessas nações já estão inclusive procurando locais para se realocarem, pois suas populações correm o risco de ficar ser ter onde viver (leia mais). Por isso, a AOSIS pede que os países desenvolvidos, maiores responsáveis pelas mudanças climáticas devido a suas emissões históricas, adotem reduções de gases do efeito estufa (GEEs) ambiciosas a fim de manter o aumento das temperaturas abaixo dos 2ºC e conter o aquecimento global.
Caso isso não aconteça, os pequenos estados dizem que exigirão uma compensação financeira por todos os prejuízos sofridos. As nações desenvolvidas, entretanto, temem que seja necessário chegar a isso, já que os cálculos das emissões históricas poderiam fazer com que tivessem que pagar enormes quantias em dinheiro aos países insulares.
“O trabalho [..."> deve ser conduzido por um senso de urgência, tendo em mente que nossa falha em agir decisivamente agora requererá uma resposta reativa e muito mais cara futuramente”, colocou a aliança em uma declaração apresentada nesta segunda-feira.
Esse debate, aliás, não é novo, e permeou outras edições de encontros climáticos, como a conferência em Doha. Tanta discussão e pouca ação fazem, inclusive, com que alguns países em desenvolvimento afirmem que as nações desenvolvidas tenham “atrasado as negociações climáticas em uma década”.
Essa declaração nada amistosa foi proferida pelo Grupo de Afinidade (LMDC), plataforma para países em desenvolvimento sobre questões climáticas, ambientais, sociais, econômicas e de igualdade. Entre seus membros estão Arábia Saudita, Bolívia, China, Equador, Filipinas, Índia e Venezuela.
Segundo Naderev Sano, representante do LMDC e comissário filipino de mudanças climáticas, “houve uma década perdida para as mudanças climáticas. Perdemos essa década porque países com a responsabilidade de liderar se recusaram a liderar. Enquanto eles procrastinaram, o mundo vivenciou as crescentes consequências de um clima em transformação”.
Sano acrescentou que se os países desenvolvidos tivessem cumprido suas obrigações, estaríamos a caminho de um regime climático justo e de sucesso, marcado pela cooperação internacional e pela equidade.
Rene Orellana, diretor da delegação boliviana em Bonn, concordou, observando que os compromissos exigidos dos países em desenvolvimento dependerão da capacidade de as nações desenvolvidas mostrarem sua liderança.
“A liderança dos países desenvolvidos precisa acontecer agora e não deve ser adiada para 2020, já que [a atual ação climática"> prepara o palco para mais ações climáticas efetivas para além de 2020”, concluiu Orellana.
(Instituto CarbonoBrasil)


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