Pesquisa desenvolvida em MG ajuda a elevar qualidade da água

Data: 27/02/2009

Pesquisa desenvolvida em MG ajuda a elevar qualidade da água


A preocupação com a água nunca esteve tão em alta como nos dias atuais. Minas Gerais, considerada a caixa d’água do Brasil, sai na frente com laboratórios que se destacam pelas pesquisas inovadoras. Teses defendidas nas universidades deixam de ser meras teorias para entrar no campo das aplicações práticas. Prova disso é o trabalho do biólogo e analista de controle de saneamento Daniel Adolpho Cerqueira, apresentado no fim do ano passado na Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O desafio de quatro anos de doutorado foi mostrar como tratar algo difícil com tecnologia simplificada, no caso, a remoção de protozoários patogênicos instalados na água: a Giardia duodenalis e o Cryptosporidium parvum.

A giardíase é uma infecção intestinal. Os cistos – ovos do parasita, também chamados oocistos – se transferem de mãos sujas de fezes para a boca e, indiretamente, pela ingestão de alimentos ou água contaminados. Cerqueira explica que o Cryptosporidium é o mais desafiante dos organismos e, por isso, se ele for removido, automaticamente, a Giardia, menos resistente, também é.

A atenção sobre esse protozoário se intensificou há cerca de 30 anos e, hoje, vários tipos de diarréias são atribuídas a ele. Os principais sintomas da criptosporidiose são cólicas, febre baixa, dor abdominal e prostração. Em grávidas, idosos e crianças, pode ser fatal.

Para Daniel Cerqueira, o Brasil ainda tem muito a fazer no combate a esse problema, embora os números sejam preocupantes: “Entre 20% a 30% da água dos EUA está contaminada. No Brasil, esses índices giram entre 60% e 80%, em diversas concentrações”. Mananciais subterrâneos tendem a estar livres do parasita, mas, na superfície, o perigo pode ser grande. “Não sabemos quanto da população carrega o Crysptoporidium, pois a classe médica não o conhece bem nem faz exames para detectá-lo”, diz.

Os estudos de Cerqueira integraram o Programa de Pesquisas em Saneamento Básico (Prosab), financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em parceria com empresas. Daniel levou sua ideia até a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), onde trabalha há mais de 20 anos. No local, foi construída uma estação-piloto para os testes.



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