No Dia Mundial da Água, cientistas divulgam documento que alerta sobre a importância das áreas úmidas do Brasil

Data: 25/03/2013

Comemorado, o Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas), no dia 22 de março de 1992, para promover a discussão, análise, conscientização e elaboração de medidas práticas de preservação ambiental. Nesse sentido, cientistas lançaram hoje uma importante contribuição para salvar as chamadas áreas úmidas (AU) do Brasil: o documento "Definição e Classificação das Áreas Úmidas Brasileiras: Base Científica para uma Nova Política de Proteção e Manejo Sustentável".

Elaborado pelo denominado Grupo de Peritos em Áreas Úmidas Brasileiras, o texto será encaminhado a autoridades e divulgado para toda a sociedade. A preocupação dos cientistas é apontar para a necessidade urgente de definição, classificação e proteção das AUs brasileiras. O documento mostra que essa é a única maneira de evitar catástrofes ambientais.

A líder do grupo no Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), Maria Teresa Fernandes Piedade, revela que 20% do território brasileiro é constituído de AUs. "Essas áreas não podem ser tratadas da mesma maneira que são tratadas as áreas não inundáveis", defende a pesquisadora. Segundo ela, boa parte do público não confere às AUs o valor que elas têm. "É importantíssima a participação de toda a sociedade na preservação das áreas úmidas. Queremos levar esses conceitos para um público maior e não apenas para os políticos ou para o público científico", planeja.

A pesquisadora explica que quando mal manejadas pela ação humana, essas áreas perdem a sua principal função. "É o que chamamos de efeito esponja: a capacidade de absorver a água do meio ambiente. Quando isso não acontece, ocorrem enchentes e outras catástrofes", afirma Maria Teresa, acrescentando que para evitá-las é necessário o uso sustentável das AUs.

A proposta de se redigir o texto surgiu da dificuldade de se encontrar nos documentos oficiais uma definição adequada de AU. De acordo com o documento, é fundamental que também se discutam essas questões na revisão do Código Florestal Brasileiro. "Na Amazônia, as AUs são florestadas. O próprio Código Florestal não as define adequadamente", opina a pesquisadora.

O documento foi elaborado por pesquisadores de todo o Brasil. O mapeamento das AUs abrange todo o território nacional para que seu uso racional seja difundido em todo o país. "Contamos com a colaboração de especialistas de todas as regiões, desde o Rio Grande do Sul até o Norte e o Nordeste", conta Maria Teresa.

Diante da necessidade de se chegar à correta definição, os cientistas estenderam sua proposta inicial e acabaram redigindo um texto mais abrangente que - como diz o próprio título - servirá de "base científica para uma nova política de proteção e manejo sustentável".
A necessidade da conscientização de diferentes setores da sociedade motivou o grupo a desenvolver três diferentes versões para o texto. " Fizemos uma mais resumida para a sociedade civil; outra mais ampla direcionada a cientistas; e uma terceira, mais compacta ainda, apontando para pontos nevrálgicos. Esta será encaminhada a políticos", explica Maria Teresa, que também é líder do grupo Ecologia Monitoramento e uso Sustentável de Áreas Úmidas do Inpa, que atua desde 1985 na Amazônia.

O trabalho está aberto para incorporar a colaboração de outros profissionais. O documento "Definição e Classificação das Áreas Úmidas (AUs) Brasileiras: Base Científica para uma Nova Política de Proteção e Manejo Sustentável" está disponível na internet na versão completa (http://www.inau.org.br/classificacao_areas_umidas_completo.pdf) e na versão resumida (http://www.inau.org.br/classificacao_areas_umidas_resumido.pdf).

(Jornal da Ciência)


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