Economia do Nordeste está ameaçada pelo aquecimento global
Retração da economia, redução da qualidade de vida, forte migração. Se nada for feito em relação às emissões de carbono, esse será o panorama dos estados nordestinos em 2050, como conseqüência das mudanças climáticas.
De acordo com a versão preliminar do estudo Mudanças Climáticas, Migrações e Saúde: Cenários para o Nordeste Brasileiro, 2000-2050, a região sofrerá uma redução de 11,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em relação ao crescimento esperado para 2005. Isso considerando o cenário do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) que prevê um aumento de 4ºC para a região no período.
O impacto do aquecimento global na agricultura será o principal responsável pelo panorama. Como os choques climáticos afetam a disponibilidade de terras para cultivo e pecuária, o setor agrícola é o que terá sua capacidade produtiva mais atingida nas próximas décadas, o que comprometerá sua geração de renda e emprego, afirma o texto da pesquisa, produzida pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais e a Fundação Oswaldo Cruz, com financiamento da Embaixada Britânica. Para se ter uma idéia, o Ceará perderia quase 80% de suas terras agricultáveis. O Piauí, 70%, e Pernambuco, 65%.
Os impactos negativos na agricultura, segundo o estudo, podem ter repercussões para outros setores da economia, como indústria especialmente a de processamento de alimentos e serviços. Além disso, a ausência de terras cultiváveis irá gerar escassez de alimentos.
Diante desse cenário, haverá deslocamento da força de trabalho do trabalho para outras regiões do país e para setores da economia menos impactados, além de migração e conseqüente transferência de capital e as razões para a redução do PIB.
De acordo com o estudo, diversos municípios que em 2000 apresentavam condições razoáveis de renda sofreriam um choque negativo sob o efeito das mudanças climáticas. Já as localidades com baixo nível de renda, teriam os piores ritmos de crescimento até 2050. Os estados nordestinos que mais perderiam recursos são:
-Pernambuco (-18,6% do PIB)
-Paraíba (-17,7%)
-Piauí (-17,5%)
-Ceará (-16,4%)
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