Países nórdicos podem ser neutros em carbono no setor de energia até 2050

Data: 08/02/2013
Um novo relatório apresentado pela Agência Internacional de Energia (AIE) na última semana revela que é possível para os países nórdicos se tornarem neutros em carbono no setor de energia e reduzir as emissões no setor do transporte nas próximas quatro décadas.
O Nordic Energy Technology Perspectives (Perspectivas de Tecnologia de Energia Nórdicas), que é a primeira edição regional da publicação Energy Technology Perspectives (Perspectivas de Tecnologia de Energia), afirma que para que isso ocorresse, seria necessária uma drástica reestruturação no sistema energético da Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia.
Uma das medidas que teria que ser tomada é a descarbonização do setor. Para isso, o relatório sugere, por exemplo, que a produção eólica aumente para 25% da geração de eletricidade do país, dos atuais 3%.
Já a transmissão da eletricidade teria que ser expandida em 150%, visto que uma rede mais extensa ajudaria a energia hidrelétrica a se firmar no sistema energético nórdico, o que faria com que os países pudessem exportar mais energia.
Com as fontes renováveis gerando 80% da produção total de energia, a maior participação de fontes limpas do mundo, as novas tecnologias poderiam aumentar a produção de energia em 40%, e reduzir o consumo em 7%.
Outra medida a ser tomada é diminuir as emissões do setor de transportes em 90% em relação aos níveis atuais. Isso poderia acontecer se até 2050 nove em cada dez veículos de passeio fossem elétricos ou híbridos e a maior parte do transporte de carga fosse feito por trem ou por veículos a biocombustível.
Além disso, o documento também indica que para reduzir as emissões em 70%, a tecnologia de captura e armazenamento de carbono (CCS) deveria ser utilizada em pelo menos 50% das fábricas de cimento e 30% das indústrias químicas.
No entanto, o texto aponta que há algumas dificuldades a serem vencidas, como o fato de que os setores industrial e de transporte são difíceis de descarbonizar devido ao comércio intensivo e à escassa população, que exigem ambos o uso massivo de transporte. Outro desafio é a questão financeira, já que reduzir o consumo energético, por exemplo, exigiria US$ 1 bilhão por ano em investimentos em melhorias na energia.
No entanto, os sacrifícios trariam benefícios, já que aplicar as novas tecnologias à indústria ajudaria a economizar 25% da demanda total de energia da região e reduziria o consumo de petróleo.
“O custo do investimento em infraestrutura necessário é igual a 0,7% do PIB cumulativo do período – o que é claro que é muito dinheiro – mas considerando a gravidade da questão climática e importância da energia e do clima na agenda política, começa a parecer administrável”, comentou Donald Smith, assessor da Nordic Energy Research, ao RTCC.
Esse cenário, entretanto, só leva em consideração um contexto onde haja, por exemplo, uma redução global significativa de emissões e o abandono gradativo das fontes fósseis, além de desconsiderar as variações no preço da tecnologia de CCS. Contudo, não há nada no contexto mundial atual que indique uma perspectiva tão positiva.
“Muito também depende do que acontece lá fora, se há ou não um acordo climático, do preço do carbono ou do petróleo e de avanços tecnológicos. O cenário nórdico de carbono neutro está estabelecido para um mundo com ação global significativa, que limite o aumento médio de temperatura a 2ºC”, observou Smith.
“Mesmo dentro da região isso dependerá de como os diferentes países decidirem lidar com as compensações. E se observarmos a essência desses compromissos e os atuais debates nacionais acerca deles, assume-se que eles não vão simplesmente sair disso [atual situação">”, concluiu.
(Instituto CarbonoBrasil)


< voltar