US$ 5 tri em investimentos devem se tornar "verdes"

Data: 23/01/2013

“Os investimentos ‘business-as-usual’ [para manter a situação atual"> não levarão a um futuro estável, a menos que atinjam uma meta ambiental e de sustentabilidade.” A frase de Felipe Calderón, ex-presidente do México e presidente da Aliança de Ação para o Crescimento Verde, resume bem o teor do relatório divulgado nesta segunda-feira (21) no Fórum Econômico Mundial (FEM) em Davos.
Segundo o documento, é necessário tornar os US$ 5 trilhões anuais investidos em infraestrutura mais sustentáveis, a fim de estimular um desenvolvimento econômico ‘verde’. Além disso, seria preciso investir US$ 700 bilhões adicionais por ano para combater os efeitos das mudanças climáticas e evitar que o aquecimento global ultrapasse os 2ºC.
De acordo com o relatório, tornar a infraestrutura mais sustentável é incentivar, por exemplo, outras formas de geração de energia, como a solar e a eólica, e promover a eficiência energética em setores como a construção, a geração de energia, a indústria e os transportes. Isso, além de contribuir para um meio ambiente mais limpo, contribuiria também para um crescimento econômico maior e mais igualitário.
“O crescimento econômico e a sustentabilidade são interdependentes, você não pode ter um sem o outro, e tornar os investimentos verdes é um pré-requisito para realizar ambas as metas”, comentou Calderón.
O documento indica que há alguns sinais positivos de mudanças, como o fato de que o investimento mundial em energias renováveis bateu um novo recorde em 2011, chegando a US$ 257 bilhões – uma alta de 17% em relação a 2010 – e que o investimento na mitigação e adaptação das mudanças climáticas chegou a US$ 268 bilhões no setor privado e US$ 96 bilhões no setor público em 2011, uma alta de 93% com relação a 2007.
Em se tratando de iniciativas nacionais, há exemplos como o do próprio ex-presidente mexicano, que durante sua administração aprovou uma legislação ambiciosa sobre mudanças climáticas, incluindo padrões rígidos de eficiência para veículos.
No entanto, o relatório sugere que o que está sendo feito é pouco, e que ainda há muito investimento sendo feito em tecnologias e projetos poluentes e ineficientes. “Ainda há dinheiro do setor privado indo para a destruição climática”, lamentou Jake Schmidt, diretor internacional de políticas climáticas do Conselho Nacional de Defesa dos Recursos de Washington.
“O progresso em investimentos verdes continua a ser ultrapassado por investimentos em infraestruturas intensivas em combustíveis fósseis e ineficientes”, concordou o sumário executivo do relatório, acrescentando que isso pode levar as emissões de gases do efeito estufa a criarem uma temperatura média global pelo menos 4ºC acima dos níveis pré-industriais.
Por isso, o documento recomenda que a solução é os governos reavaliarem a prioridade dos investimentos e criarem políticas de investimentos que apoiem e incentivem projetos verdes. Conforme o texto, tal mudança nos investimentos é acessível, já que os custos adicionais do crescimento verde são insignificantes comparados aos custos da inação, e o investimento não partiria apenas do setor público, mas também do setor privado.
“Para lidar com as mudanças climáticas, todos têm que caminhar na direção certa. E a chave para tudo isso é como você libere grandes fontes de financiamento privado… Fundos soberanos e fundos de pensão têm muito capital. Mobilizá-los seria o Santo Graal”, declarou Schmidt.
O relatório mostra que, se uma pequena parcela dos investimentos vier do setor público, isso estimulará o setor privado a investir uma quantia muito maior. “Há muitos casos de sucesso no qual os governos orientam estrategicamente seus fundos públicos para mobilizar somas significativas de investimento privado para infraestrutura verde. É hora de ampliar essas soluções”, acrescentou Thomas Kerr, diretor de Iniciativas de Mudanças Climáticas do FEM.
Por exemplo, o documento aponta que, se os atuais US$ 90 bilhões em gastos públicos globais contra as mudanças climáticas fossem aumentados em US$ 36 bilhões, chegando a US$ 126 bilhões, eles poderiam levar a um investimento privado de até US$ 570 bilhões anuais.
“Tornar a economia verde é a única forma de acomodar nove bilhões de pessoas até 2050”, observou Kerr. “Realizar tal desenvolvimento inclusivo de uma forma sustentável, no entanto, exige que fiquemos dentro das fronteiras do que nosso planeta pode fornecer de forma segura”, concluiu Calderón.
(Instituto CarbonoBrasil)


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