Extratos vegetais combatem fungos e pragas agrícolas
Ao longo de sua evolução, certas plantas desenvolveram mecanismos de defesa contra o estresse ambiental, o que significa dizer desde a escassez de água até ataques de pragas e a infecção por fungos e bactérias. Uma dessas estratégias são substâncias, como as produzidas por plantas da família das sapindáceas conhecidas pela capacidade na síntese das saponinas em suas folhas ou frutos, que produzem espuma , popularmente usada por nossos ancestrais do interior do país para a lavagem de roupas. Mas o interesse maior dos pesquisadores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) por essas substâncias é avaliar sua eficácia na proteção a frutas de interesse comercial, como o mamão e o pimentão.
O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de mamão. Mas a atividade tem ainda grandes perdas devido à antracnose, tanto na colheita quanto no período de armazenamento. Isso acontece pela ação do fungo Colletotrichum gloeosporioides, seu agente causador, cujos esporos infectam o fruto após a colheita através de ferimentos provocados pelo manuseio, explica Cesar Luis Siqueira Junior, professor da UniRio e coordenador do projeto, que teve recursos do edital de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica em Química Verde. Segundo o pesquisador, mesmo em condições ideais de armazenamento, os esporos do Colletotrichum permanecem latentes no interior do fruto e dão início à doença durante a maturação, provocando depressões amarronzadas que se transformam em lesões que afetam sua aparência. Isso significa um grande potencial de prejuízos em caso de exportação. A incidência de antracnose pode levar a perdas de 30% a 40%, e, dependendo do processo de acondicionamento dos frutos, podem chegar a até 90% dos frutos, diz.
Extratos vegetais à base de substâncias extraídas de plantas da família das sapindáceas permitiriam não só reduzir as perdas agrícolas, como também possibilitariam maiores cuidados com o meio ambiente, diminuindo o uso de pesticidas. Os extratos vegetais podem substituir esses pesticidas, intensamente empregados na agricultura brasileira, particularmente em culturas como a do mamão e do pimentão, fala o pesquisador.
No caso do pimentão, bastante cultivado na região serrana fluminense, especialmente em Petrópolis, segundo informa Siqueira Junior, a antracnose pode levar à perda de toda uma cultura. E, hoje, enfrenta-se essa doença com pesticidas, diz. O problema é que o uso contínuo de fungicida pode provocar o aparecimento de fungos resistentes e, consequentemente, levar os agricultores a aumentarem as quantidades ou a recorrerem a constantes mudanças de formulações do tipo de fungicida. Nenhuma dessas soluções seria o recomendável, pelos prejuízos ao meio ambiente e à saúde humana, enfatiza Siqueira Junior.
Divulgação
Em laboratório, Siqueira Junior tem usado extrato produzido a partir do saboeiro, uma árvore ornamental, que produz pequenos frutos secos. Tanto as folhas quanto os frutos contêm substância com atividade antifúngica, explica. A primeira pergunta dos pesquisadores é se o emprego do extrato poderia, de alguma forma, infligir danos à planta que se quer proteger. Em laboratório, as plantas tratadas não tiveram qualquer prejuízo a seu crescimento, nem houve o menor dano aos frutos. Testamos ambos os tipos de extrato da folha e do fruto no mamão. Em ensaios in vitro, feitos em laboratório, tanto o extrato bruto da folha quanto o do fruto conseguem inibir o crescimento do fungo, explica Siqueira Junior, que no tempo em que pertenceu ao Instituto Superior de Ensino do Centro Educacional Nossa Senhora Auxiliadora (Isecensa), estudou outros tipos de sapindáceas, como a pitombeira e o guaraná.
Uma segunda questão também teve resposta bastante satisfatória. Se o extrato conseguiria inibir a ação do fungo nos frutos. Banhamos frutos de mamão em extrato vegetal do saboeiro e comparamos os resultados com frutos banhados em água destilada. Naqueles banhados com o extrato, as substâncias ativas evitaram o aparecimento dos sintomas típicos da antracnose, enquanto nos tratados com água destilada surgiram as lesões típicas da doença. Isso significa um grande ganho para as frutas de exportação.
O próximo passo dos pesquisadores é ver se a combinação dos dois tipos de extratos produz resultados ainda mais eficazes. Também queremos verificar se esses extratos ou sua combinação têm potencial de ação contra outras espécies de fungo, causadores de doenças em plantas, fala Siqueira Junior. Ele se refere aos fungos Fusarium solani e ao Fusarium oxysporum, que atacam várias plantas. O Fusarium oxysporum, por exemplo, provoca a murcha no pimentão, levando à perda da planta inteira.
Esses extratos vegetais também podem ser empregados em outras frutas economicamente importantes no estado do Rio de Janeiro, que sofrem com o uso de agrotóxicos, como é o caso domaracujá, do abacaxi e, sobretudo, do morango. E tudo isso a um custo bem mais baixo. Os extratos verdes certamente diminuirão o investimento de pequenos e médios agricultores fluminenses, melhorando de forma significativa o armazenamento de frutos no período pós-colheita e reduzindo os prejuízos na comercialização.
Para Siqueira Junior, o projeto certamente será uma grande contribuição à agricultura no estado. Embora o Rio de Janeiro não seja um grande produtor de mamão, como é o caso do Espírito Santo, que concentra a maior produção do país, os agricultores fluminenses, devido às semelhanças de clima, estão tentando ampliar e tornar mais forte o cultivo de frutos no estado. Além disso, a região serrana tem significativo cultivo de morango, por exemplo. Para isso, será importante o resultado de nossas pesquisas.
Faperj
< voltar
O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de mamão. Mas a atividade tem ainda grandes perdas devido à antracnose, tanto na colheita quanto no período de armazenamento. Isso acontece pela ação do fungo Colletotrichum gloeosporioides, seu agente causador, cujos esporos infectam o fruto após a colheita através de ferimentos provocados pelo manuseio, explica Cesar Luis Siqueira Junior, professor da UniRio e coordenador do projeto, que teve recursos do edital de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica em Química Verde. Segundo o pesquisador, mesmo em condições ideais de armazenamento, os esporos do Colletotrichum permanecem latentes no interior do fruto e dão início à doença durante a maturação, provocando depressões amarronzadas que se transformam em lesões que afetam sua aparência. Isso significa um grande potencial de prejuízos em caso de exportação. A incidência de antracnose pode levar a perdas de 30% a 40%, e, dependendo do processo de acondicionamento dos frutos, podem chegar a até 90% dos frutos, diz.
Extratos vegetais à base de substâncias extraídas de plantas da família das sapindáceas permitiriam não só reduzir as perdas agrícolas, como também possibilitariam maiores cuidados com o meio ambiente, diminuindo o uso de pesticidas. Os extratos vegetais podem substituir esses pesticidas, intensamente empregados na agricultura brasileira, particularmente em culturas como a do mamão e do pimentão, fala o pesquisador.
No caso do pimentão, bastante cultivado na região serrana fluminense, especialmente em Petrópolis, segundo informa Siqueira Junior, a antracnose pode levar à perda de toda uma cultura. E, hoje, enfrenta-se essa doença com pesticidas, diz. O problema é que o uso contínuo de fungicida pode provocar o aparecimento de fungos resistentes e, consequentemente, levar os agricultores a aumentarem as quantidades ou a recorrerem a constantes mudanças de formulações do tipo de fungicida. Nenhuma dessas soluções seria o recomendável, pelos prejuízos ao meio ambiente e à saúde humana, enfatiza Siqueira Junior.
Divulgação
Em laboratório, Siqueira Junior tem usado extrato produzido a partir do saboeiro, uma árvore ornamental, que produz pequenos frutos secos. Tanto as folhas quanto os frutos contêm substância com atividade antifúngica, explica. A primeira pergunta dos pesquisadores é se o emprego do extrato poderia, de alguma forma, infligir danos à planta que se quer proteger. Em laboratório, as plantas tratadas não tiveram qualquer prejuízo a seu crescimento, nem houve o menor dano aos frutos. Testamos ambos os tipos de extrato da folha e do fruto no mamão. Em ensaios in vitro, feitos em laboratório, tanto o extrato bruto da folha quanto o do fruto conseguem inibir o crescimento do fungo, explica Siqueira Junior, que no tempo em que pertenceu ao Instituto Superior de Ensino do Centro Educacional Nossa Senhora Auxiliadora (Isecensa), estudou outros tipos de sapindáceas, como a pitombeira e o guaraná.
Uma segunda questão também teve resposta bastante satisfatória. Se o extrato conseguiria inibir a ação do fungo nos frutos. Banhamos frutos de mamão em extrato vegetal do saboeiro e comparamos os resultados com frutos banhados em água destilada. Naqueles banhados com o extrato, as substâncias ativas evitaram o aparecimento dos sintomas típicos da antracnose, enquanto nos tratados com água destilada surgiram as lesões típicas da doença. Isso significa um grande ganho para as frutas de exportação.
O próximo passo dos pesquisadores é ver se a combinação dos dois tipos de extratos produz resultados ainda mais eficazes. Também queremos verificar se esses extratos ou sua combinação têm potencial de ação contra outras espécies de fungo, causadores de doenças em plantas, fala Siqueira Junior. Ele se refere aos fungos Fusarium solani e ao Fusarium oxysporum, que atacam várias plantas. O Fusarium oxysporum, por exemplo, provoca a murcha no pimentão, levando à perda da planta inteira.
Esses extratos vegetais também podem ser empregados em outras frutas economicamente importantes no estado do Rio de Janeiro, que sofrem com o uso de agrotóxicos, como é o caso domaracujá, do abacaxi e, sobretudo, do morango. E tudo isso a um custo bem mais baixo. Os extratos verdes certamente diminuirão o investimento de pequenos e médios agricultores fluminenses, melhorando de forma significativa o armazenamento de frutos no período pós-colheita e reduzindo os prejuízos na comercialização.
Para Siqueira Junior, o projeto certamente será uma grande contribuição à agricultura no estado. Embora o Rio de Janeiro não seja um grande produtor de mamão, como é o caso do Espírito Santo, que concentra a maior produção do país, os agricultores fluminenses, devido às semelhanças de clima, estão tentando ampliar e tornar mais forte o cultivo de frutos no estado. Além disso, a região serrana tem significativo cultivo de morango, por exemplo. Para isso, será importante o resultado de nossas pesquisas.
Faperj
< voltar