Condomínios tentam diminuir consumo de água
O Jornal Nacional vai exibir, nesta semana, uma série de reportagens sobre a água. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 80 países com cerca de 40% da população mundial já sofrem os efeitos da escassez.
Em São Paulo, o repórter Alan Severiano apresenta algumas iniciativas para combater o desperdício desse recurso tão precioso. Carteiras de pernas para o ar, poeirão, um barulho frenético para preservar a dona de um som universal. O consumo corria solto em uma escola pública na Grande São Paulo: R$ 12 mil por mês.
Para acabar com o desperdício, bebedouros e pias ganharam torneiras econômicas e as descargas receberam válvulas novas. Isso vai fazer com que o consumo seja reduzido, afirma Regina Soares, diretora da escola.
Em outra escola, a reforma acabou com os vazamentos e as crianças aprenderam a economizar. Tem que fechar a torneira e abrir só quando for tirar a espuma da mão, ensina Letícia Martins, de 7 anos. Em um ano, o consumo caiu 30%. Se eu não tenho ideia de quanto eu gasto de água, para que economizar? É assim que pensam muitos moradores de condomínios, em que a conta de água é dividida igualmente entre os apartamentos.
Uma mentalidade que começa a mudar. Seja pela natureza ou para aliviar o bolso, muitos prédios têm investido tempo e dinheiro em uma tecnologia que não aparece, mas que dá resultados bem visíveis: medidores individuais de consumo de água.
Mais de 144 mil apartamentos em todo o país já instalaram o novo sistema, que deve ser aprovado em assembléia. O custo varia de acordo com a quantidade de canos que abastecem o prédio. O investimento é alto: de R$ 600 a R$ 1,1 mil por apartamento.
A economia aparece a longo prazo. Depois de um ano de obras, um condomínio descobriu quanto ia pelo ralo. O gasto de R$ 40 mil por mês caiu para R$ 26 mil. O valor de cada conta ficou mais justo. Cada um paga pelo que gasta. Também há a possibilidade do corte da água no inadimplente, explica a síndica Noemi Silla.
O economista Evandro Bertolini passou a pagar bem menos. Eu gastava R$ 85, agora gasto R$ 25, ele conta. Já a família do representante comercial José Carlos de Oliveira viu a conta disparar. Nós pagávamos em torno de R$ 90. Ela passou a vir R$ 500, R$ 400. Aí, eu entrei em pânico, revela José Carlos.
O problema só foi resolvido com marcação cerrada. Em média, cada brasileiro consome diariamente 138,5 litros de água. A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda 100 litros. Para gastar menos, 12 capitais já criaram leis que estimulam a instalação de medidores individuais, de acordo com o último levantamento da Agência Nacional de Águas.
O cliente, pagando efetivamente por aquilo que ele consumiu, automaticamente, começa a reduzir seus consumos, afirma Regina Siqueira, superintendente de Planejamento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Foi o que aconteceu em um conjunto habitacional da periferia de São Paulo. A estudante Tamira Oliveira agora lava louça uma vez por dia e a roupa uma vez por semana. Cortou o gasto com água pela metade e ganhou mais momentos de lazer. Agora, o dinheiro dá para sair com a família, almoçar fora, curtir uma praia no fim de semana, ela diz.
O gráfico Cícero Alves controla o banho dos filhos, lembrando da terra natal, o Ceará. O pessoal sofre muito com falta de água. Então, o nosso objetivo é diminuir o consumo, destaca Cícero. A lição que fica é que a água não é tão inesgotável quanto as pessoas pensam, que a conscientização tem que se estender para todos porque é o bem mais precioso que nós temos, conclui a diretora Regina Soares.
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