Aquecimento causado por GEEs cresce 30% entre 1990 e 2011

Data: 23/11/2012
Nas últimas duas décadas, graças às emissões do dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) resultantes principalmente da queima de combustíveis fósseis, ocorreu um aumento de 30% no chamado ‘forçamento radiativo’, que quando positivo resulta no aquecimento global. Essa é a mais alarmante constatação do boletim anual sobre gases do efeito estufa da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Divulgado nesta terça-feira (20), o documento destaca que desde o início da Era Industrial mais de 375 bilhões de toneladas de carbono foram liberadas na atmosfera, sendo que os sumidouros do planeta, como os oceanos e as florestas, absorveram apenas a metade disso.
“Essas bilhões de toneladas adicionais em nossa atmosfera continuarão presentes por décadas, causando ainda mais o aquecimento global e tendo impactos sobre todos os aspectos da vida na Terra. Futuras emissões vão se somar a esse acúmulo”, afirmou Michel Jarraud, secretário-geral da OMM.
O problema tende a se agravar, pois os sumidouros estariam perdendo sua eficiência. “Já vemos os oceanos ficando mais ácidos, com repercussões negativas na vida marinha. Existem muitas interações entre os gases do efeito estufa, a biosfera e os oceanos que ainda precisam ser entendidas”, completou Jarraud.
O CO2, apontado como sendo responsável por 85% do aumento do efeito estufa, já aparece com uma concentração de 390,9 partes por milhão (ppm) na atmosfera, uma elevação de 140% em relação ao nível pré-industrial, 280ppm. Em média, o CO2 subiu 2ppm por ano na última década.
De acordo com a OMM, o metano, segundo gás mais importante para o aquecimento global, tem 40% de sua origem em processos naturais e 60% resulta de atividades humanas, como a pecuária. A concentração do metano está em 1813 partes por bilhão (ppb), uma alta de 259% em duzentos anos. A presença deste gás na atmosfera havia estabilizado por alguns anos recentemente, mas desde 2007 voltou a crescer.
No caso do óxido nitroso a contribuição humana é de 40%, com o restante sendo proveniente de processos naturais. A sua concentração em 2011 está em 324,2ppb, 120% acima do período pré-industrial. Esse gás oferece outro perigo além de causar o efeito estufa, ele destrói a camada de ozônio que nos protege dos raios nocivos do sol.
“A rede de observação atmosférica da OMM se estende por mais de 50 países e providencia medidas acuradas nas quais baseamos nossas estimativas sobre a concentração de gases”, destacou Jarraud.
Emissões
No último dia 14, o Instituto de Energias Renováveis da Alemanha (IWR) divulgou que as emissões de GEEs em 2011 foram de 34 bilhões de toneladas, um novo recorde, ficando quase um bilhão de toneladas acima da marca de 2010, 33,2 bilhões.
O IWR registra um aumento nas emissões dos países emergentes, principalmente da China e Índia. A notícia positiva é que as nações mais ricas, como os Estados Unidos e alguns países europeus, apresentam queda nas emissões.
Essa redução foi confirmada nesta terça-feira (20) pelo relatório anual da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC) sobre as emissões dos 42 países que formam o chamado Anexo I do Protocolo de Quioto, isto é, aqueles mais industrializados e que precisam cortar emissões.
Segundo o relatório, o corte total dessas nações entre 1990 e 2010 soma 14,6%, considerando as reduções provenientes do uso da terra e do reflorestamento.
Porém, a UNFCCC alerta que entre 2009 e 2010 as emissões dos processos industriais e de geração de energia cresceram respectivamente 3,1% e 9,7%.
(Instituto CarbonoBrasil)


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