Projeto prevê rota de museus científicos dentro de campus da UFRJ

Data: 06/11/2012

Os fins de semana costumam ser tranquilos no campus da Ilha do Fundão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Salvo um ou outro morador da região que aparece por lá para fazer piquenique, a área de mais de quatro milhões de metros quadrados (resultado do aterro de nove ilhotas da Baía de Guanabara) costuma ficar deserta fora dos dias úteis. Mas a calmaria pode dar lugar a uma movimentação cultural e científica caso o projeto Caminhos do Conhecimento se concretize.



A ideia da iniciativa é criar uma espécie de rota de visitação da Ilha do Fundão, que passaria por atrações já existentes como o Museu do Mar (no Centro de Tecnologia/CT), o Espaço Memorial Carlos Chagas Filho (do Instituto de Biofísica) ou o Museu da Geodiversidade (do Instituto de Geociências), além de futuros espaços, e poderia incluir até mesmo a histórica Igreja do Bom Jesus da Coluna, na ilha de mesmo nome, construída no início do século XVIII.



A coordenadora de extensão do Centro de Ciências da Saúde (CCS), Diana Maul, explica que, além de espaços museológicos e históricos, haveria centros de documentação, centros de divulgação de ciência e tecnologia, jardins temáticos (como um de plantas medicinais) e o Parque da Descoberta, na Reserva do Catalão, ilha administrada pela UFRJ, palco de atividades durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. "Em vez de atrações pontuais, seriam atividades abertas ao público permanentemente", detalha.



Outra proposta - Diana conta que existe também outro plano para dar um só paradeiro a documentos, acervos, objetos e obras de arte que pertencem a distintos institutos da UFRJ e ainda não têm destino certo. Seria a construção de um único grande museu para abrigar os itens.



Na opinião de Diana, trata-se de uma solução "antiquada", que vai de encontro a uma tendência mundial de fazer museus específicos, e que limitaria a circulação pela universidade. Além disso, ela lembra que alguns espaços já existentes precisam de ampliações (como o Carlos Chagas Filho, que recebe alunos do ensino fundamental e médio) ou reformas (caso da Igreja do Bom Jesus da Coluna).



Atualmente, onze deles poderiam se integrar no projeto da rota, sem contar os que ainda estão no papel. "Estamos fazendo um inventário dos itens. Muita coisa foi transportada da Praia Vermelha [onde está um dos campi da UFRJ">, e de outros lugares, de maneira inadequada, permanecendo vinte, quase trinta anos, ao abandono, já que perderam os espaços onde estavam e estão por aí, com cada área cuidando do seu como pode", alerta.



Museu do CCS - A coordenadora ressalta que, entre os futuros espaços, existe um projeto de criação de museu para o CCS, centro que ofereceu boa parte das atividades durante a Semana Nacional de C&T. O "museuzinho", como vem sendo chamado no CCS, reuniria itens das faculdades de Medicina, Odontologia e Farmácia. Poderiam ser montados, por exemplo, um consultório odontológico (a faculdade tem equipamentos do século XIX em seu acervo) ou uma farmácia com mobiliário e instrumentos antigos. A faculdade de medicina, por outra parte, tem cerca de 200 óleos em sua coleção de arte. "Temos mais de um quilômetro só de documentos em papel, como registros, atas e documentação desde o século XIX", exemplifica.



O museu do CCS exigiria a construção de um novo prédio, idealizado com três andares, e que poderia se comunicar com a biblioteca, criando um centro de documentação museológica. O custo está estimado entre cinco e seis milhões de reais, contando a construção e a equipagem. Atualmente, a iniciativa está na fase de finalização do inventário, o que deve ocorrer até o fim de novembro. Provavelmente no ano que vem, uma das propostas (a de ter uma rota com vários museus ou apenas um grande espaço) deve ser escolhida.



Outra ideia é fazer uma parceria com a Fiocruz, integrando as atrações da universidade e da fundação, estabelecendo um circuito de ônibus que passe pelos dois campi. Diana defende que projetos como o do museu do CCS e o da integração com a Fiocruz corram paralelamente ao processo de definição da política museológica. "As implantações não precisam ser ao mesmo tempo, não é necessário esperar a proposta maior para começar a fazer algo", aponta.



A coordenadora lembra que as experiências já existentes "mostram que esse tipo de atividade faz parte da formação de alunos e professores" e que "o apoio à formação científica, tecnológica e cultural, com atividades de extensão, é uma das funções da universidade". E acrescenta que mesmo os espaços já em funcionamento podem incorporar novas atividades, dando como exemplo o ensino de vela para crianças perto do Museu do Mar. "O compromisso teria a responsabilidade do conteúdo, academicamente adequado, mas com divertimento. Queremos que as pessoas entrem na universidade e não venham aqui apenas fazer piquenique", conclui

Jornal da Ciência


< voltar