State of the Planet 2012 debate desenvolvimento sustentável

Data: 17/10/2012
Degradação ambiental, extrema pobreza, desigualdade social, falta de desenvolvimento: a lista de problemas que assolam o planeta é grande, e não para por aí. E para discutir sobre os desafios que o mundo enfrenta atualmente e suas possíveis soluções, especialistas se reuniram no State of the Planet, evento ocorrido em Nova York na última quinta-feira (11) e transmitido por videoconferência para diversas partes do mundo.
O encontro tentou responder às seguintes questões: o que podemos fazer para tornar o planeta habitável para futuras gerações; qual o plano para reduzir os efeitos das mudanças climáticas na maioria dos segmentos vulneráveis de nosso planeta; como os países em desenvolvimento podem eliminar a extrema pobreza sem dependerem de práticas econômicas que prejudiquem mais o meio ambiente; os países desenvolvidos terão mais responsabilidade no sobreuso dos recursos naturais do planeta e demonstrarão um exemplo mais sustentável?

Jeffrey Sachs, diretor e economista do Instituto da Terra e membro do conselho científico da Scientific American, lembrou que o ser humano é o grande responsável pelas alterações ambientais que estão ocorrendo na Terra, razão pela qual cientistas dizem que estamos vivendo uma nova era na história do planeta, a Era Antropocênica.

Essas mudanças, notou ele, estão colocando mais nitrogênio no solo do que os processos bioquímicos, consomem 40% do produto fotossintético das plantas terrestres e emitem 40 bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono por ano, transformando a composição química da atmosfera e alterando a vida de todo o planeta.

Mas os especialistas acreditam que ainda há esperança e que podemos desacelerar este processo de degradação ambiental. “Ninguém pode fazer tudo, mas todos podem fazer alguma coisa”, comentou Jan Eliasson, secretário-geral adjunto das Nações Unidas.

Christiana Figueres, secretária executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (UNFCCC), declarou que, embora a passos lentos e insuficientemente, algumas ações já estão sendo tomadas, como as da reunião climática em Durban no último ano, onde foi decidido que “algo” deveria ser feito sobre a emissão de gases do efeito estufa. “Daqui a alguns anos, o baixo carbono será a norma, não uma novidade”, disse ela.

Os especialistas também discursaram sobre o impacto que as mudanças climáticas já estão tendo em algumas regiões, como no Chifre da África em 2011 ou no estado do Texas neste ano. “Só sentimos metade do aquecimento dos gases já adicionados à atmosfera”, afirmou o climatologista James Hansen. “Muitos países que não tem nada a ver com as mudanças climáticas estão sendo atingidos”, acrescentou Sachs.

Para Hansen, esse é o maior e o pior desafio da humanidade a ser enfrentado, pois faz parte da própria natureza humana, já que, segundo ele, como os combustíveis fósseis continuam sendo a fonte mais barata de energia, nós continuaremos a queimá-los. O climatologista pediu por uma taxa sobre o carvão, petróleo e o gás natural, acrescentando que os lucros devem ser distribuídos para países e populações atingidos pelas mudanças climáticas.

Além das deste tema, os palestrantes também falaram sobre a pobreza energética e a necessidade de acesso à energia moderna a todos. No entanto, eles lembraram que é necessário fazer isso de forma sustentável, através do desenvolvimento de fontes renováveis e limpas. Foram citados exemplos de sucesso, como microrredes de energia solar em Mali, que estão evitando que a população queime querosene como combustível.

Por fim, os especialistas observaram ainda que, se a tecnologia for utilizada para o desenvolvimento econômico sustentável, a justiça social e a preservação ambiental, o estado do planeta pode melhorar ainda neste século. Afinal de contas, “não há planeta B”, concluiu Eliasson.

(Instituto CarbonoBrasil)




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