Solução radical para aquecimento

Data: 02/02/2009

Solução radical para aquecimento


Com o sinal verde do Ministério da Ciência e Tecnologia da Alemanha, mas sob protestos de ambientalistas e do próprio Ministério do Meio Ambiente, teve início um dos mais ambiciosos e polêmicos projetos de combate ao aquecimento global.

Tendo como base o navio Polarstern, cientistas de seis países, entre eles Alemanha, Índia, França e Chile, lançaram, nos últimos dois, dias vinte toneladas de partículas de sulfato de ferro em uma área de 300 quilômetros quadrados do Oceano Antártico, com o objetivo de comprovar se o adubo de ferro pode contribuir para o aumento do plâncton na região e, assim, para a absorção de CO2 na atmosfera.

Estudos recentes apontam que mesmo se cortes drásticos nas emissões de CO2 fossem assinados agora já não seria mais possível deter o aquecimento do planeta e muitas de suas nefastas consequências.

A saída seria conjugar os cortes com novas tecnologias, capazes de reduzir o volume de emissões existentes, como apontou um estudo publicado na última edição da “Nature”.

De acordo com Ulrich Bathmann, chefe do Departamento de Biologia Marinha do Instituto Alfred Wegener de Pesquisa Polar e Marítima, que coordena a experiência do lado alemão, não existem provas definitivas de que o aumento do conteúdo de ferro no oceano ajudaria na redução de CO2 na atmosfera.

Mas estudos feitos em regiões do oceano naturalmente mais ricas em ferro — sobretudo em razão de vulcanismo — já constataram que as áreas absorvem muito mais dióxido de carbono do que as demais. A experiência restrita, portanto, seria importante, para a obtenção de uma resposta conclusiva ao dilema, que poderia ser crucial num futuro próximo.

Sobretudo numa região pobre em ferro, como o Oceano Antártico, a fertilização, acreditam, deverá favorecer o florescimento das algas, que por sua vez absorveriam o CO2. Se a experiência der certo e puder ser aplicada em larga escala, dizem os especialistas, seria uma excelente solução para o problema do aquecimento, além de aumentar a disponibilidade de alimentos para baleias.

Outros cientistas, no entanto, se mostraram extremamente preocupados. Eles temem que a prática possa ter devastadores efeitos nos oceanos, como a esterilização de vastas áreas do mar, e o lançamento do metano e óxido nítrico, gases ainda mais potentes do aquecimento global. Eles temem ainda que o excesso de plâncton poderia contribuir para a absorção da luz solar, aquecendo a superfície da água e aumentando ainda o efeito do aquecimento.



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