Geólogo pede atenção para exploração em águas profundas

Data: 26/09/2012
A exploração de águas profundas vem sendo cada vez mais debatida, principalmente, após o vazamento ocorrido em 2010, no Golfo do México. Este acidente foi considerado pelo governo americano como o pior desastre ambiental já ocorrido na história do país. No Brasil, com a descoberta do pré-sal e a sua futura exploração, ambientalistas e pessoas ligadas à ecologia vem alertando para os problemas que essas explorações podem causar.

Este foi um dos temas apresentados no VII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, que acontece até quinta-feira, dia 27, em Natal. O geólogo americano John Amos, que utiliza imagens de satélite e dados de sensoriamento remoto para esclarecer os problemas ambientais e, principalmente, os riscos do derramamento de óleo em plataformas marítimas foi um dos palestrantes do evento. Ele fundou, em 2001, a ONG Skytruth, responsável pela denúncia de vazamento de óleo da Chevron na costa brasileira no passado. Segundo ele, apenas no derramamento de petróleo ocorrido na Bacia de Campos, a taxa de vazamento foi de mais de 3 mil barris por dia.

Com base no mapeamento da extensão e no movimento da mancha de óleo, John Amos mostrou como uma área pode ser afetada e citou os exemplos de Mantara, na costa da Austrália e da plataforma da British Petroleum, no Golfo do México. Segundo ele, o acidente no Golfo do México foi um desastre que nos mostrou o quanto nós estamos incapacitados para consertar um derramamento.

“Nos Estados Unidos, todo mundo vê campanhas publicitárias dizendo que o Golfo do México está bem, que as praias estão limpas, e muitas pessoas por estarem ocupadas acabam não questionando se isso é verdade e nem procuram os cientistas pra saberem uma história diferente. O nosso país está se movimentando muito rápido e eu tenho medo do fato das pessoas continuarem a perfuração de petróleo nas águas”, afirmou o geólogo.

Além disso, o método utilizado para acabar com o vazamento no Golfo do México, que foi o uso de dispersantes, ainda é muito controverso. Segundo John Amos, o uso de produtos químicos para eliminar o óleo faz com que ele afunde e se transporte através das correntes marítimas e isso dá uma falsa aparência de segurança. Já que mesmo que o vazamento do óleo tenha sido dado como “resolvido” ainda podem aparecer várias consequências desse derramamento ao longo dos anos.

Em relação ao Brasil, John Amos afirmou que muitas companhias estão de olho na exploração de petróleo no país e que é difícil impedir que a exploração ocorra. Mas, segundo o geólogo existe uma possibilidade de tentar se proteger o meio-ambiente. “Se as áreas de proteção forem identificadas como muito vulneráveis a poluição do óleo, talvez se possa estabelecer a proibição de zonas de perfuração perto dessas áreas”, disse. Mas, ao mesmo tempo, sugeriu, deve-se haver uma preocupação com essas áreas de proteção, já que nos oceanos as coisas vivem se movimentando conforme as condições climáticas. E é por esse motivo, inclusive, que é difícil se detectar os problemas no oceano e por isso deve haver um sistema de monitoramento constante.

Além disso, John Amos afirmou que o Brasil pode se considerar um país de sorte pelo fato do acidente ocorrido no México poder despertar a população para os perigos que a exploração petrolífera pode causar. E alertou que o país deve estar sempre em alerta, e que próximo as áreas de exploração petrolífera deve se fazer treinamentos para caso ocorra um derramamento de óleo, já estarem preparados, fato que não ocorreu nos Estados Unidos. O geólogo acrescentou também que ainda há a necessidade de haver um maior investimento em pesquisa para que se obtenha uma técnica para poder evitar o vazamento de óleo.


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