Sem inovação tecnológica não há crescimento, dizem especialistas

Data: 24/08/2012
O elo entre inovação tecnológica e desenvolvimento econômico nunca foi tão claro, e o governo e as empresas brasileiras precisam levar isso a sério se quiserem que o país tenha um crescimento sustentável. Essa foi a principal mensagem do seminário sobre inovação tecnológica promovido pelo Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola) e pela Folha, realizado na última terça (21).

O seminário contou com palestras do engenheiro Ozires Silva, ex-presidente da Embraer e da Petrobras e ex-ministro da Infraestrutura, de Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócios da FGV-EESP e ex-ministro da Agricultura, e de Marco Antonio Raupp, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Antes das palestras, Ruy Martins Altenfelder Silva, presidente do Conselho Administrativo do Ciee, disse que, ao menos na retórica, o esforço por fomentar a inovação tecnológica se tornou uma unanimidade no Brasil. "No entato, os resultados dessa aparente unanimidade são tímidos se comparados com os dos outros Brics", afirmou ele.

Para Ozires Silva, que falou de sua experiência na indústria aeronáutica comandando a Embraer, um país que levou essa retórica a sério foi a Coreia do Sul. "Presenciei o exemplo de que lá existe essa relação de causa e efeito entre inovação, tecnologia e desenvolvimento alguns anos atrás, numa feira automobilística de Detroit [nos EUA">, na qual o carro do ano era sul-coreano. Eles conseguiram fazer isso na capital automobilística do mundo partindo praticamente do zero nos anos 1970", disse ele.

Outro grande exemplo, para o qual falta um paralelo no Brasil, segundo Ozires Silva, é o das empresas de "venture capital" (capital de risco) na Califórnia, que se dedicam a trazer aportes para empresas tecnológicas que estão começando e precisam de um empurrãozinho inicial. "Quase 50% do capital de risco americano está concentrado na Califórnia. E não há notícias de que essas empresas tenham quebrado alguma vez", contou.

A prova de que esse tipo de gasto vale a pena é a Embraer, diz ele. "O governo brasileiro investiu US$ 72 milhões em 20 anos para criar a Embraer. E hoje ela lucra isso a cada cinco dias", afirmou.

O ex-ministro Roberto Rodrigues destacou, em sua fala, o investimento maciço em tecnologia e aumento da produtividade que levou o agronegócio brasileiro à posição-chave que tem para a economia do país hoje. Já o ministro Raupp destacou os investimentos do governo federal em novos projetos para fomentar a inovação tecnológica em empresas nacionais.

Folha de S. Paulo


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