Exploração de carvão pode agravar problemas hídricos na China

Data: 15/08/2012
Um documento da organização ambientalista Greenpeace publicado nesta terça-feira (14) sugere que os planos da China para expandir a extração de carvão e aumentar a produção de energia carbonífera poderão ter graves consequências para os recursos hídricos do país.

O relatório, intitulado ‘A Water Crisis Exacerbated by China’s New Mega Coal Power Bases’ (‘Uma crise hídrica exacerbada pelas novas bases de carvão da China’), indica que o governo chinês quer aumentar sua produção carbonífera para 2,2 bilhões de toneladas por ano até 2015, para atender a crescente demanda energética do país.

Para atingir essa meta, os chineses pretendem construir 16 novas usinas de carvão, a maioria delas nas províncias da Mongólia Interior, Shaaxi, Shanxi e Ningxia, que ficam no norte da China. A construção dessas usinas deve chegar a uma capacidade instalada de 600 gigawatts (GW).

No entanto, tais empreendimentos têm seu preço: de acordo com o documento do Greenpeace, a infraestrutura criada para as novas minas e usinas de carvão consumiria pelo menos 9,98 bilhões de metros cúbicos de água até 2015, o equivalente a um sexto do volume anual de água do Rio Amarelo, o maior do país.

“Essa grande estratégia está fadada a atingir um ponto inevitável: a escassez de água. Na verdade, os recursos hídricos per capita e por unidade de área nessas regiões são de apenas um décimo da média nacional. Se a China insistir em ir em frente com o plano, o já árido oeste da China sofrerá uma série de crises hídricas”, comentou o órgão.

Além da escassez de água, a drenagem para abastecer essas novas infraestruturas poderia também poluir os recursos de água subterrânea, o que por sua vez intensificaria a seca, já que haveria ainda menos água potável disponível. Segundo a ONG, outras áreas ao redor de usinas de carvão já sofreram “degradação acelerada de pradarias e zonas úmidas”, forçando a população local a se retirar dessas regiões.

Uma pesquisa recente do Instituto de Pesquisa e Design das Pradarias da Mongólia Interior mostrou, por exemplo, que áreas de 3,98 milhões de hectares perto de usinas carboníferas sofreram com desertificação desde o início do século. Para se ter uma ideia de como a situação se agravou recentemente, até a década de 1980 a desertificação havia ocorrido em 2,09 milhões de hectares.

Por fim, o relatório pede que o governo chinês conduza avaliações rigorosas sobre a demanda de água na região e reconsidere o tamanho e local das minas e usinas de carvão planejadas, além de dar prioridade à geração de energia renovável em vez de utilizar combustíveis fósseis.

“A realidade é que simplesmente não há água suficiente. Ela é limitada, e não há milagre para garantir que os recursos hídricos nessas áreas possam aumentar magicamente. Estamos pedindo por uma séria reconsideração da escala desses planos, que parecem realmente ambiciosos demais”, observou Li Yan, gestora de campanha de Clima e Energia do Greenpeace Ásia Orienta.

“Enquanto a energia pode e já está sendo gerada através de fontes renováveis, a extinção da água é irreversível”, concluiu ela.

(Instituto CarbonoBrasil)




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