Brasil se destaca no Ano Internacional da Química

Data: 09/08/2012

Sete meses após o Ano Internacional da Química - de janeiro a dezembro de 2011 - especialistas e químicos afirmam que o Brasil começa a colher os resultados das atividades realizadas no País. Os primeiros frutos são o aumento do interesse de alunos e professores da educação básica por informações e atividades de química, confirmando o propósito do evento de atrair a atenção tanto de alunos dos ensinos médio e fundamental quanto do público geral.


No ano passado, o Brasil ocupou o primeiro lugar nos experimentos de PH da água (análise da qualidade da água) realizados no mundo. O PH, na prática, significa potencial de hidrogênio iônico que mede o grau de acidez ou alcalinidade de uma substância.



A participação dos alunos brasileiros respondeu por 28% no programa Experimento Global da Água (o PH da água) e por 29% do total dos estudantes mundiais, segundo Claudia Rezende, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), coordenadora do evento no Brasil e professora do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O experimento foi realizado em escolas públicas e no decorrer da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia no ano passado.



A estimativa é de que cerca de 60 mil alunos brasileiros, dos ensinos fundamental e médio, participaram das atividades em comemoração ao Ano Internacional da Química - promovido pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC na sigla inglês) juntamente com a Organização das Nações Unidas (ONU).



Essas e outras informações farão parte do relatório da SBQ, de cerca de 50 páginas, a ser encaminhado à IUPAC nos próximos dias. Trata-se de uma prestação de contas de todos os países sobre as atividades realizadas.



Medição do PH da água - A medição do PH da água foi realizada por intermédio de kits com cinco itens (copinhos plásticos e frasco com solução de indicador azul de bromotimol, entre outros). Esses kits foram idealizados pela ONU e reaplicados nos países. No Brasil foram distribuídos 35 mil kits, projeto fomentado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que, segundo Claudia, destinou R$ 2 milhões para promover as atividades internamente.



Reflexos em cursos de química - A expectativa é de que as atividades realizadas no País estimulem o interesse de alunos pelos cursos de química. E assim, contribuir para aumentar a mão de obra especializada nessa área - hoje insuficiente para atender à demanda local das empresas. Atualmente, as áreas de engenharia e de ciências exatas, incluindo química, respondem por menos de 10% do total das matrículas em graduação no País, segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), baseada em dados do Ministério da Educação (MEC). Enquanto isso, as áreas de direito, administração e ciências sociais, dentre outras, respondem pelo grosso das matrículas (60%) nas universidades brasileiras.



Especialistas da Abiquim reafirmam que a oferta de profissionais qualificados em química não atende à procura, gerando uma disputa acirrada entre empresas por químicos no mercado. Para a instituição, esse é um fator preocupante. Apesar de não ser intensiva em mão de obra, essa área é altamente intensiva em conhecimento e emprega pessoas com elevado nível de qualificação, razão pela qual a média salarial dessa categoria supera em 75% à média da indústria manufatureira nacional, contribuindo para elevar os custos das empresas.



Confirmando os dados, o vice-diretor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (IQ-Unicamp), Antônio Ferreira Braga, responsável pela organização das atividades do Ano Internacional da Química nas escolas públicas da região, disse faltar interesse de alunos pela área de química no Brasil, apesar de sua importante contribuição no cotidiano e na elaboração de produtos. Segundo compara Braga, o número de candidatos por vaga nos vestibulares realizados para os curso de medicina é 10 vezes maior do que na química.



Na avaliação de Braga, o Ano Internacional da Química no Brasil cumpriu a proposta de levar conhecimentos da química para a sociedade de forma geral e "diminuir um pouco" a distância entre a química e o cidadão comum. "Poucos sabem da presença da química no cotidiano. Ela está presente na comida, no vestuário, no remédio, na purificação da água e no conservante de comida", exemplifica.



Conforme entende Braga, o mais importante é a transmissão da mensagem para estudantes da educação básica. "Quando crianças de catorze e quinze anos enxergam o cotidiano de forma diferente isso estimula o interesse delas pela química", avalia.



Buscando embasar o interesse de alunos e professores pelas informações e atividades de química após a realização do evento internacional no Brasil, a vice-presidente da ABQ chama a atenção para a quantidade de visitas ao portal (www.quimica2011.org.br) criado pela SBQ que somam 520 mil acessos, desde 2011.



( Jornal da Ciência)





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