Falta de infraestrutura e capacitação afastam investidor estrangeiro
Os problemas de infraestrutura, o alto custo e a baixa qualificação da mão-de-obra, além da ausência de incentivos tributários, afastam os interessados em investir em produção no Brasil. Segundo o economista e administrador José Roberto Cunha Junior, em 2011, os estrangeiros investiram US$ 66 bilhões no País, mas para este ano a tendência é de uma redução de 20% a 25%, porque o crescimento do mercado interno deverá ser baixo, entre 2% e 2,25%. O governo federal contribuirá para tornar a economia brasileira mais atraente se apresentar à comunidade internacional um projeto de desenvolvimento, que contemple políticas e metas de médio e longo prazo, recomenda.
Cunha Junior é autor de uma pesquisa de doutorado apresentada na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP que mostra que o mercado interno em expansão, os recursos naturais e a estabilidade política atraem os investidores, entre outros fatores. Mas revela também que os problemas afastam os interessados. Para contornar estes obstáculos, o estudo recomenda investimentos do governo a longo prazo, especialmente em transporte, logística e educação, que possam manter toda a economia em crescimento. Investimentos diretos em setores como infraestrutura, indústriais estratégicas como a de tecnologia da informação (semi-condutores, por exemplo) e centros de pesquisa e desenvolvimento, em geral necessitam de um horizonte mais confiável e prazo mais longo, devido ao maior período de maturação e retorno, afirma.
Os fatores que mais infuenciam os investimentos foram obtidos a partir de questionários respondidos por executivos de empresas estrangeiras. Os maiores fatores de atração, pela ordem, foram o mercado doméstico com elevada taxa de crescimento econômico, o grande porte do mercado, que vem sendo ampliado com a elevação da renda da população, a estabilidade política, econômica e social, os recursos naturais estratégicos e o clima amistoso com o estrangeiro, conta o economista. Em alguns países do Oriente Médio e da África, os conflitos internos causam insegurança em investir, muitos exceutivos levam a família quando vão trabalhar no exterior.
A distância geográfica em relação aos países desenvolvidos é apontada como o principal fator que desfavorece o investimento no Brasil, em relação a outras nações emergentes, como China, Rússia, Índia, Turquia e Indonésia. Mas os próprios executivos afirmam que o desenvolvimento das telecomunicações e da informática, somado às facilidades crescentes de transporte marítimo e aéreo tem reduzido este problema, diz Cunha Junior. No entanto, eles apontam outras dificuldades cuja solução depende somente da atuação do Brasil.
Infraestrutura
Na avaliação dos estrangeiros, o sistema de infraestrutura, incluindo transportes, logística e telecomunicações, é insatisfatório, assim como a baixa qualificação da mão de obra para a produção, especialmente no caso de profissionais de nível técnico. Outros fatores que afastam os investidores são o custo da mão-de-obra, devido aos impostos e encargos, e o sistema tributário, principalmente por causa da ausência de incentivos, completa o ecomonista. A pesquisa foi orientada pelo professor Fauze Nagib Mattar, da FEA.
Cunha Junior aponta que iniciativas políticas dos governos federal, dos estados e dos municípios podem tornar o País mais atrativo às empresas estrangeiras, como investimentos em infraestrutura. Problemas como a morosidade do Porto de Santos, em que navios ficam até sete dias ancorados, e a pouca presença das ferrovias num país de grande extensão territorial, foram aspectos negativos muito lembrados, ressalta. Também foi sugerido um aumento da qualificação profissional, com a implantação de cursos técnicos profissionalizantes de nível médio, além da maior formação de pessoal de nível superior, em especial nas áreas de engenharia, química, física e biologia.
A pesquisa procurou conhecer os fatores que levam empresas estrangeiras que não tem investimentos no Brasil a visitar o País com essa intenção. Entre 2009 e 2011, o Brasil passou da oitava para a quarta posição entre os países que mais receberam investimentos estrangeiros produtivos, aponta Cunha Júnior. O estudo procurou saber dos empresários os motivos dessa decisão, num período marcado pelos efeitos da crise financeira internacional de 2008. O ecomonista foi diretor da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (Investe São Paulo), que procura facilitar os investimentos estrangeiros no Estado de São Paulo.
A partir da bibliografia sobre investimento direto no exterior, o que inclui documentos produzidos por organismos internacionais, como a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, além de artigos em publicações especializadas nos Estados Unidos, Europa é Ásia, Cunha Junior chegou a 46 variáveis que influenciam os investimentos. O número foi reduzido para 20, número de itens do questionário enviado a 246 executivos de empresas estrangeiras, sendo que 81 foram respondidos. O economista é professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), entidade ligada à FEA, e presidente do Sindicato dos Ecomonistas de São Paulo, além de atuar como Secretário Nacional de Economia da União Geral dos Trabalhadores (UGT).
(Agência USP)
< voltar
Cunha Junior é autor de uma pesquisa de doutorado apresentada na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP que mostra que o mercado interno em expansão, os recursos naturais e a estabilidade política atraem os investidores, entre outros fatores. Mas revela também que os problemas afastam os interessados. Para contornar estes obstáculos, o estudo recomenda investimentos do governo a longo prazo, especialmente em transporte, logística e educação, que possam manter toda a economia em crescimento. Investimentos diretos em setores como infraestrutura, indústriais estratégicas como a de tecnologia da informação (semi-condutores, por exemplo) e centros de pesquisa e desenvolvimento, em geral necessitam de um horizonte mais confiável e prazo mais longo, devido ao maior período de maturação e retorno, afirma.
Os fatores que mais infuenciam os investimentos foram obtidos a partir de questionários respondidos por executivos de empresas estrangeiras. Os maiores fatores de atração, pela ordem, foram o mercado doméstico com elevada taxa de crescimento econômico, o grande porte do mercado, que vem sendo ampliado com a elevação da renda da população, a estabilidade política, econômica e social, os recursos naturais estratégicos e o clima amistoso com o estrangeiro, conta o economista. Em alguns países do Oriente Médio e da África, os conflitos internos causam insegurança em investir, muitos exceutivos levam a família quando vão trabalhar no exterior.
A distância geográfica em relação aos países desenvolvidos é apontada como o principal fator que desfavorece o investimento no Brasil, em relação a outras nações emergentes, como China, Rússia, Índia, Turquia e Indonésia. Mas os próprios executivos afirmam que o desenvolvimento das telecomunicações e da informática, somado às facilidades crescentes de transporte marítimo e aéreo tem reduzido este problema, diz Cunha Junior. No entanto, eles apontam outras dificuldades cuja solução depende somente da atuação do Brasil.
Infraestrutura
Na avaliação dos estrangeiros, o sistema de infraestrutura, incluindo transportes, logística e telecomunicações, é insatisfatório, assim como a baixa qualificação da mão de obra para a produção, especialmente no caso de profissionais de nível técnico. Outros fatores que afastam os investidores são o custo da mão-de-obra, devido aos impostos e encargos, e o sistema tributário, principalmente por causa da ausência de incentivos, completa o ecomonista. A pesquisa foi orientada pelo professor Fauze Nagib Mattar, da FEA.
Cunha Junior aponta que iniciativas políticas dos governos federal, dos estados e dos municípios podem tornar o País mais atrativo às empresas estrangeiras, como investimentos em infraestrutura. Problemas como a morosidade do Porto de Santos, em que navios ficam até sete dias ancorados, e a pouca presença das ferrovias num país de grande extensão territorial, foram aspectos negativos muito lembrados, ressalta. Também foi sugerido um aumento da qualificação profissional, com a implantação de cursos técnicos profissionalizantes de nível médio, além da maior formação de pessoal de nível superior, em especial nas áreas de engenharia, química, física e biologia.
A pesquisa procurou conhecer os fatores que levam empresas estrangeiras que não tem investimentos no Brasil a visitar o País com essa intenção. Entre 2009 e 2011, o Brasil passou da oitava para a quarta posição entre os países que mais receberam investimentos estrangeiros produtivos, aponta Cunha Júnior. O estudo procurou saber dos empresários os motivos dessa decisão, num período marcado pelos efeitos da crise financeira internacional de 2008. O ecomonista foi diretor da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (Investe São Paulo), que procura facilitar os investimentos estrangeiros no Estado de São Paulo.
A partir da bibliografia sobre investimento direto no exterior, o que inclui documentos produzidos por organismos internacionais, como a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, além de artigos em publicações especializadas nos Estados Unidos, Europa é Ásia, Cunha Junior chegou a 46 variáveis que influenciam os investimentos. O número foi reduzido para 20, número de itens do questionário enviado a 246 executivos de empresas estrangeiras, sendo que 81 foram respondidos. O economista é professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), entidade ligada à FEA, e presidente do Sindicato dos Ecomonistas de São Paulo, além de atuar como Secretário Nacional de Economia da União Geral dos Trabalhadores (UGT).
(Agência USP)
< voltar