Internacionalização é essencial para pesquisa de qualidade

Data: 25/07/2012
Mario Neto Borges

Educação e ciência. Esses são pilares essenciais para que o Brasil acompanhe as mudanças do mundo e garanta um futuro sustentável e duradouro. É uma fórmula que já foi sucesso na Alemanha, Japão, Coreia do Sul e mais recentemente na China. O País precisa refletir sobre isso para planejar o presente e garantir o futuro. E a formação das pessoas, especialmente os jovens, é um ponto crucial.



Nesse contexto, o governo federal lançou o programa Ciência Sem Fronteiras, iniciativa que merece todos os aplausos. Mas, ao mesmo tempo, dá sinais contraditórios ao impor - por dois anos consecutivos - cortes nos orçamentos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação que somam R$ 2,5 bilhões. Também no âmbito dos Estados, enquanto alguns inteligentemente criam suas Fundações de Amparo à Pesquisa, outros reduzem os orçamentos das suas fundações a valores irrisórios.



Mas, além de valores, algumas questões incomodam a comunidade científica. Com o Ciência Sem Fronteiras, a reflexão sobre eles se torna mais latente. Como serão montadas as estruturas de pesquisa para o retorno dos alunos formados no exterior? Como atrair pesquisadores estrangeiros de alto nível para conduzir pesquisas no País sem modernizar e adequar os laboratórios das universidades e centros de pesquisa? Por que não conceder bolsas aos alunos que já estão no exterior? Seria a quantidade de bolsistas mais importante que a qualidade?



A quantidade não pode ser ignorada. É importante para atender às necessidades do País. Mas é a qualidade que deve protagonizar entre as prioridades. E a internacionalização é essencial para garantir essa qualidade. Não só pela interação com os grandes centros de pesquisa do mundo, no que o Ciência Sem Fronteiras está correto, mas também no fato de produzir ciência e tecnologia em parceria com esses centros. Não é só recurso ou quantidade de bolsistas. É necessário cuidar dessas premissas importantes.


Mario Neto Borges é presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap).


O Estado de São Paulo


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