Pesquisa aponta baixo envolvimento com P&D

Data: 02/07/2012

As empresas, independentemente do porte, desconhecem o que é inovação e a sua importância no que diz respeito à competitividade e sustentação dos negócios. Esta é a conclusão da pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral (FDC), fruto de dois anos de trabalho de Fabian Salum, professor e pesquisador do Núcleo Bradesco de Inovação da fundação.


"Há muito discurso e pouca ação nas empresas de médio porte nessa área. As pessoas falam sem conhecimento, repetem o vocábulo porque esta é a palavra do momento", diz o estudioso. As médias empresas, com grande relevância na economia e na cadeia produtiva, são as que menos investem em inovação, segundo o estudo. Por isso, os consultores insistem que é preciso convencer esses empreendedores a tratar a inovação como prioridade e também como opção para o crescimento dos negócios.



De acordo com Salum, 71,2% dos empreendedores dizem que a inovação é parte importante da estratégia da empresa, mas quando questionados sobre quais são os indicadores de controle utilizados em seu planejamento para avaliar a inovação, pesquisa e desenvolvimento, 67% revelam que não adotam nenhum tipo de métrica. "A cultura da inovação não existe na prática porque muitos líderes vivenciam um modelo de gestão antigo, focado em performances e resultados de curto prazo, evitando correr riscos", ressalta Salum.



Os números comprovam. Menos de 50% das empresas que praticam atividades inovadoras investem expressivamente nesses processos; 57,9% não fazem nenhum exercício nessa área, seja relacionado à inovação de produtos, serviços, processos ou novos negócios. Nas médias empresas a realidade é ainda mais dura. Apenas 10% dos empreendedores pesquisados investem mais de 10% do faturamento em inovação e 46% garantem não aplicar nada nesse sentido.



Na visão do professor da FDC, um dos principais problemas das médias empresas brasileiras é não adotar indicadores de controle em seu planejamento para avaliar os resultados de pesquisa e desenvolvimento. Entre os entrevistados, 67% dizem que não usam nenhum tipo de parâmetro para mensurar os avanços em inovação.



A pesquisa revela, ainda, que esse perfil de empresa tem um baixo envolvimento com universidades e institutos de pesquisa e desenvolvimento (apenas 30,6% dos entrevistados asseguram que mantêm esse relacionamento). E o pior, 26,6% dizem que não percebem a necessidade de manter contato com o universo acadêmico. São também poucas (apenas 20%) as que declaram fazer uso de alguma lei ou programa de incentivo à inovação.

(Valor Econômico)






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