As diretrizes para a pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I)

Data: 26/06/2012
A capacidade de inovação das empresas é reconhecida como um dos principais fatores que favorecem o crescimento econômico de um país, os níveis de bem estar e a competitividade de sua economia. O processo inovativo depende não só da competência interna das empresas, mas também da capacidade que elas têm de interagirem com outras organizações, em particular com as universidades e centros de pesquisa. Em qualquer dessas situações, o fator crítico de sucesso é a capacidade de gestão desse processo.

A pesquisa e o desenvolvimento (P&D), bem como a inovação (I), muitas vezes são vistos como processos distintos, criativos e que demandam, cada vez mais, uma abordagem estruturada. As técnicas de normalização utilizadas para outros sistemas de gestão são igualmente aplicáveis aos sistemas de gestão da pesquisa, do desenvolvimento e da inovação (gestão da PD&I). Alguns países têm desenvolvido conjuntos de normas para as diversas atividades da PD&I, os quais levam em conta o contexto específico de sua aplicação.

A adoção de um sistema de gestão da PD&I deve ser considerada como uma decisão estratégica da organização. O desenho e a implantação do sistema de gestão da PD&I de uma organização são influenciados pelas diferentes necessidades, pelos objetivos específicos, pelos bens fabricados, pelos serviços prestados, pelos processos utilizados e pela natureza, porte e estrutura da organização. Cabe destacar que não é o propósito desta norma estabelecer uniformidade na estrutura dos sistemas de gestão da PD&I ou na documentação, nem propor regras prescritivas, razão pela qual foi construída como um conjunto de diretrizes.

Ela foi desenvolvida de forma a ser compatível com outras normas de sistemas de gestão. Essas normas se complementam mutuamente, mas também podem ser utilizadas de forma independente. A implantação de um sistema de gestão conforme proposto nessa norma contribui para: proporcionar diretrizes para organizar e gerenciar eficazmente a PD&I, promover e sistematizar as atividades da PD&I, e promover a cultura da inovação na organização. Fornece orientação para apoiar as organizações que estejam operando em um contexto onde o fluxo da informação e seu aproveitamento sistemático geram conhecimento que pode ser usado como fator de competitividade ou excelência.

As atividades da PD&I podem ser conduzidas por diferentes atores e em diversas formas e arranjos, ocorrendo em conjunto ou de forma separada. Nesse contexto, é comum encontrar organizações onde a inovação é decisiva em suas estratégias, podendo a P&D serem desenvolvidas por algumas organizações e a inovação por outras; as organizações podem gerar conhecimento e tecnologia internamente, de forma compartilhada ou ainda por meio de aquisição externa. As atividades da Pesquisa Básica, tipicamente conduzidas por universidades e centros de pesquisa, não são objeto dessa norma, ainda que constituam base importante para o processo de inovação.

Uma vez que a P&D podem ser conduzidos de forma independente das atividades de inovação, é importante destacar que o sistema de gestão da PD&I pode ser estabelecido de forma a atender aos diversos contextos possíveis. A PD&I nas organizações apresenta algumas características próprias e particularidades que convém serem consideradas. Recomenda-se que a Alta Direção lhes dê especial atenção, de forma que o sistema de gestão da PD&I corresponda aos objetivos estratégicos da organização. Dentre as características específicas da PD&I destacam-se o uso contínuo de dados, informação e conhecimento, assim como seu tratamento e gerenciamento, o uso da vigilância e prospecção tecnológica na identificação de oportunidades para a PD&I, a gestão de risco, de forma a reduzir a incerteza na obtenção de resultados, a gestão da propriedade intelectual e a proteção do resultado gerado pela PD&I. Além disso, é importante considerar que pode haver inovações que não precisam de P&D e que se podem realizar pesquisas que não geram inovação. A P&D desempenha um papel fundamental, porém, não é o único na inovação.

O modo de se conduzir a PD&I varia de organização para organização, dependendo da sua natureza, do seu porte ou do papel que a PD&I tem para as respectivas estratégias. Existem diversos modelos teóricos que podem ser usados para subsidiar a estruturação do modelo a ser adotado em cada organização. A título de ilustração, apresentam-se de forma sucinta, no Anexo A, quatro modelos clássicos, consagrados pela literatura, que são o modelo de "silos", o de "funil", o das "ligações em cadeia" (chain-linked mode~, de Kline & Rosenberg (1986), e o modelo de PD&I paralelo. Embora elevados graus de variabilidade e imprevisibilidade sejam inerentes à PD&I, é possível sistematizar e organizar sua realização por meio de um sistema de gestão da PD&I baseado no ciclo PDCA (ver Seção 7). A utilização deste modelo permite conduzir a PD&I de diversas maneiras, de acordo com a estratégia definida pela organização. As ferramentas como vigilância tecnológica e prospecção tecnológica, por exemplo, podem revelar tendências e resultados obtidos em outros contextos, que podem ser traduzidos em novas ideias e oportunidades para satisfazer necessidades do mercado ou melhorar produtos ou processos já existentes. Essas ideias são estudadas e analisadas, sendo selecionadas aquelas que se mostrarem viáveis.


Mais informações sobre a norma NBR 16501 de 11/2011, clique no link: http://www.target.com.br/portal_new/Pesquisa/Resultado.aspx?pp=16&c=42401

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