Seminário debate estratégias para a inovação e popularização científica

Data: 18/06/2012


Para consolidar sua chegada definitiva a inovação o Brasil precisa dar continuidade a infraestrutura já estabelecida para a formação de recursos humanos, reforçar os mecanismos de atração do setor privado e redobrar a atenção e a valorização do ensino básico.


Esse pode ser o resumo do pensamento dos participantes do primeiro painel do seminário Caminhos da Inovação promovido nesta quinta-feira (14) pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) no Senado.



O painel, denominado Infraestrutura e Capacitação de Recursos Humanos para a Pesquisa Científica e Tecnológica, foi presidido pelo físico Marcelo Gleiser, professor do Dartmouth College, de New Hampshire, nos Estados Unidos, com a participação do presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), Glaucius Oliva, do secretário executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luiz Elias, do professor do departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Marcelo Sampaio de Alencar, e do diretor de Tecnologia e Inovação do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Segen Farid Estefen.



Gleise disse que "tudo em ciência e tecnologia começa com os jovens". Em sua opinião, "é difícil construir uma infraestrutura científica sem dar suporte à base", ou seja, sem valorizar e capacitar os professores que ministram os primeiros ensinamentos. Seu pensamento segue na direção da posição defendida pelo senador Cristovam Buarque, que na abertura do seminário afirmou que "não se seja a inovação tecnológica sem cientista, mas não se tem cientista se não se valoriza aquele que ensina os primeiros fundamentos às crianças".



Outra preocupação de Gleise com referência a inovação é quanto à divulgação do que é produzido em termos de ciência e tecnologia no País. O físico disse que é muito difícil atrair estudantes para as áreas tecnológicas se não se divulga a ciência produzida. Sugeriu que se adote no Brasil uma das estratégias já aplicada nos Estados Unidos, que é a de obrigar os bolsistas a participarem de atividades de popularização da ciência.



Avaliação - Nesse aspecto, o presidente do CNPq, informou que a instituição já adotou algumas medidas nessa direção. Disse que já vigora nas avaliações de pedidos de bolsas para desenvolvimento de projetos de pesquisa, a análise para pontuação de atividades desenvolvidas pelo candidato em ações de popularização ou divulgação científica. "Além disso, o pesquisador contemplado com recursos para seus estudos é obrigado na conclusão dos mesmos a produzir um texto em linguagem acessível explicando o seu trabalho".



Também na Plataforma Lattes, hoje com mais de 2,600 milhões de currículos cadastrados, os pesquisadores já dispõem de espaço para informar suas ações e atividades envolvendo divulgação científica.



Oliva falou ainda sobre o programa Ciência sem Fronteiras (CsF), acreditando que ele contribuirá também para uma reflexão das universidades brasileiras quanto a sua estrutura de ensino. "No exterior, os estudantes de pós-graduação têm cerca de 14 a 16 horas de aula semanais, sendo a maior parte de suas atividades desenvolvidas em pesquisa e experimentação em laboratório", portanto, quando os contemplados com bolsas no CsF começarem a retornar aos Brasil, trarão também na bagagem informações sobre um novo modelo de formação.



A maior participação do setor privado nos esforço pela implantação definitiva da inovação no país foi outro tema abordado por todos os integrantes do painel. O secretário executivo Luiz Elias disse que "embora o governo já disponibilize alguns instrumentos de incentivo aos empresários, reconhecemos a necessidade de um esforço maior, de regras mais claras e uma mudança de mentalidade", também para que aja uma aproximação mais estreita entre a universidade e a indústria.



Na opinião de Oliva e de Estefen da Coppe há realmente o imperativo da busca de estreitamento entre empresa e universidade para a incorporação definitiva da inovação na agenda de desenvolvimento do país. Aumentar a participação do setor privado no investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), hoje por volta de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), é uma das metas da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2012-2015.

(Ascom do CNPq)






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