Os negócios entram na agenda da biodiversidade

Data: 14/06/2012
“É preciso maior engajamento do setor produtivo e por parte dos ministérios desenvolvimentistas. Hoje a participação é incipiente com relação à biodiversidade no Brasil”. O alerta foi dado nesta terça-feira (12) pelo brasileiro Bráulio Dias, atual secretário-executivo da Convenção da Diversidade Biológica, durante a Conferência Ethos 2012, em São Paulo. Segundo ele, mesmo com atraso de quase dois anos, o país deverá ratificar o Protocolo de Nagoya, acordo estabelecido na COP10, em 2010.

“A presidente Dilma Rousseff assinou uma mensagem ao Congresso Nacional, no Dia Mundial do Meio Ambiente (5), solicitando a ratificação do Protocolo, que tem de ser aprovado no Senado”, disse o secretário ao Mercado Ético.

Dias destaca que o documento prevê 20 metas globais, que vão desde marco legal nos governos à repartição de benefícios, segurança alimentar e redução da pobreza. “A Convenção é um acordo entre governos. O desafio é o engajamento dos atores”.

Para integrar o setor de negócios à agenda, ele informou que, em dezembro passado, foi lançada a plataforma global de biodiversidade e negócios (http://www.cdb.int/business), que tem como metas:
- Redução dos impactos à biodiversidade;
- Inclusão de regras de sustentabilidade na cadeia de produção;
- Desenvolvimento de produtos mais sustentáveis, entre outras.

“A proposta é fazer com que a questão da biodiversidade deixe de ser tratada só como algo ambiental. Espero que o Brasil tenha uma ação mais forte nesta agenda”, disse.

Propostas para a Rio+20 e para a COP11

No contexto da Década da Biodiversidade (2011-2020) instituída pela ONU, alguns dos tópicos que deverão ser discutidos na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) e na Conferência das Partes das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica (COP11), que será realizada em outubro deste ano, na Índia, são: financiamentos público-privados, desenvolvimento de tecnologias, maior tráfego de informação e consultas entre todos os stakeholders.

Nas propostas, ainda constam a computação de externalidades e a necessidade de transparência nas implementações, além de taxas e incentivos para indústrias mais ecoamigáveis.

Segundo David Stuerman, também da Secretaria da Convenção da Diversidade Biológica, no sistema da Economia da Biodiversidade, alguns dos problemas a enfrentar são o greenwashing e a força contrária que o mercado pode exercer às empresas verdes.

Para inserir os demais atores no tema da biodiversidade, Bráulio Dias lembra que na COP8, em Curitiba, foi lançado o programa Cidades para a Biodiversidade, com a aprovação do engajamento de governos subnacionais. “Temos a tradição de trabalhar com lideranças indígenas e locais, além da academia. “E a partir do ano que vem, deverá começar a funcionar o Painel Científico Internacional de Serviços Ecossistêmicos, com sede na Alemanha. Fará um trabalho semelhante ao Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC)”.

(Mercado Ético)




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