AL: Falta de água atinge até os hotéis da orla

Data: 13/01/2009

AL: Falta de água atinge até os hotéis da orla


Durante todo o ano de 2008, foram inúmeras as reclamações de problemas de abastecimento de água em Alagoas. Os efeitos da tão mencionada falta de água foram sentidos na pele pelos maceioenses, especialmente os moradores dos bairros da Serraria, Santa Lúcia, Riacho Doce, Trapiche e Eustáquio Gomes. Embora haja sinalização de alguns investimentos para 2009, a Companhia de Abastecimento e Saneamento de Alagoas (Casal) não assinala com uma solução a curto prazo. Ou seja, o problema está longe de chegar ao fim.

Conjunto José Tenório, na Serraria, passou por mais de uma semana sem água (Foto: Dulce Melo)
Vivendo com seus dois filhos – um de um ano e outra de 11 - em um apartamento no Conjunto José Tenório, a universitária Renata Estevão, 26, passou por maus bocados em novembro de 2008, quando o fornecimento de água foi interrompido. “Foi horrível. Ficamos sem água por aproximadamente 10 dias. Tinha só uma torneira na frente, para abastecer o bloco inteiro. Tínhamos que sair com um balde e trazer lá para dentro”, conta a estudante. Mesmo com o sistema de abastecimento normalizado, Renata acumula más lembranças. “Só tomávamos banho uma vez ao dia, quando chegávamos em casa”.

Esse tipo de situação repete-se na vida de muitos maceioenses. De acordo com o diretor de Operações da Casal, Jorge Briseno, os problemas de saneamento e abastecimento de esgoto sanitário são históricos até mesmo no Brasil. “Nunca acompanhamos o crescimento urbano no país. A população cresce de forma acelerada, em desacordo com a capacidade de investir dos governos”, revelou. “Em contrapartida, especialmente quando chega o verão, o consumo de água aumenta. As pessoas tomam banho mais vezes, lavam o carro com mangueiras. Tudo isso traz um gasto ainda maior”, exemplifica.

Mesmo constatando que há, de fato, um grande desperdício de água por parte da população, Briseno revela que apenas 5% da água doce é revertida para o uso humano. “Para se ter idéia, 80% da água é utilizada em irrigação de cana de açúcar. É um sistema muito inoperante e que desperdiça muito. Outros 15% são utilizados na indústria”, destaca. “Chegará um período em que precisaremos das águas do Rio São Francisco para abastecer o território maceioense”.

Jorge Briseno explica que Maceió é abastecida principalmente pelo sistema Pratagy, mas em quantidade ainda insuficiente. “Para que compreendesse todo o território necessário, o sistema Pratagy precisaria operar com sete mil metros cúbicos por hora. Hoje ele opera com três metros cúbicos”, esclarece. “Quando dizem que a água será o petróleo do futuro, não estão enganados”.

Um dos motivos que, segundo Briseno, também somou ao crescimento de consumo de água é a chegada de turistas à capital alagoana. “Em época de verão e de férias, os hotéis ficam recheados. Não há um abastecimento só das residências comuns. Os hotéis possuem uma demanda ainda maior”, afirma.





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