Difusão Científica

Data: 28/05/2012
Marcelo Sampaio



Muita gente se pergunta, vez por outra, como o conhecimento passa dos centros de pesquisa para a sociedade. Todos concordam que é necessário que isso ocorra, para que a sociedade avance, para que as empresas adquiram conhecimento técnico especializado e para que outras áreas se beneficiem dessa produção de saber.



No passado, o processo de divulgação científica era relativamente simples, por conta da simplicidade inerente às sociedades de então. As universidades organizavam palestras para a população, os monarcas ofereciam prêmios para a solução de problemas mais complexos, que eram divulgados em praça pública, havia revistas e livros dedicados ao tema, que ensinavam os jovens a montar equipamentos ou realizar experimentos.



Claro, o conhecimento ainda era incipiente, comparado com o que os pesquisadores e redes manipulam hoje em dia. As universidades tinham apenas três disciplinas, chamadas cátedras ou cadeiras na época, para a parte básica do curso. Era o chamado Trivium, que consistia em Retórica, Dialética e Gramática. A palavra trivial, muito usada pelos alunos mais antigos para classificar as disciplinas que atormentam os novatos, vem desse termo latino.



O Quadrivium, a fase de especialização do curso, era formado, por exemplo, para um curso de ciências exatas, pelas cátedras de Astronomia, Música, Aritmética e Geometria. O modelo era baseado na proposta de Sócrates para a formação ideal dos guardiões da sociedade, como descrito por Platão em A República.



Aliás, a palavra universidade originou-se do termo em Latim para república ou corporação de estudantes, universitas. No passado, os estudantes se reuniam em uma cidade e contratavam os serviços dos professores, que lhes ensinavam o que era preciso para a atribuição do título de doutor, que significava professor ou mestre. Com o tempo, esses termos foram ganhando a conotação que têm hoje.



A difusão científica é necessária porque o impacto que um artigo científico típico tem na sociedade é pequeno, visto que ele é lido, usualmente, por um pequeno número de leitores especializados. Para atingir a população, é preciso que o artigo seja traduzido para um linguajar mais coloquial, por gente da área de divulgação científica.



Uma publicação que divulga ciência tem um impacto social muito superior ao de uma revista científica porque leva a informação a um contingente de pessoas milhares de vezes maior. Além disso, a tradução do conhecimento científico possibilita seu uso por 14,8 milhões de micro e pequenas empresas, que empregam 29 milhões de pessoas e possibilitam nada menos que 99,23% de todos os negócios no Brasil.


Marcelo Sampaio e Alencar assina uma coluna de divulgação científica no portal NE10 do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (http://ne10.uol.com.br/coluna/difusao/index.php) e mantém um portal de divulgação científica há vários anos (http://www.difusaocientifica.com).


Jornal da Ciência.



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