Inovação e tecnologia devem ser tratados como pré-requisitos para o desenvolvimento, defende presidente da Finep

Data: 17/05/2012
O setor empresarial brasileiro ainda investe pouco em inovação. Apesar disso, o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Glauco Arbix manifestou ontem (15), no Rio de Janeiro, sua surpresa ante a demanda por recursos para o Programa Inova Brasil, voltado a pesquisas ligadas ao etanol.



Lançado recentemente pela Finep, em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o programa teve demanda de R$ 14 bilhões para projetos de segunda geração "e outras [gerações"> de etanol", contra R$ 1 bilhão anunciado pelas duas instituições. Arbix disse que é um sinal positivo. Do total de 57 projetos apresentados, 25 foram aprovados e contarão com financiamento da Finep e do BNDES no total de R$ 3,1 bilhões.



Ao participar do 24º Fórum Nacional, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), realizado ontem (15) no Rio de Janeiro, o presidente da Finep ressaltou que inovação e tecnologia "quase sempre foram tratados [no Brasil"> como subprodutos do desenvolvimento e não como pré-requisitos". Disse que cada vez mais programas mostram que o gasto em inovação aumenta o investimento agregado na economia "e não o contrário". Ele está trabalhando para tornar a Finep uma agência pró-ativa, no sentido de estimular o investimento em inovação nas empresas brasileiras, para agregar cadeias produtivas em todos os níveis. "Essa é uma questão chave no pré-sal", destacou.



A meta do governo, segundo Arbix, é que o investimento em pesquisa e desenvolvimento, que hoje representa 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), alcance 1,8% do PIB em 2015. Isso significa mais 22% de crescimento do investimento em inovação no setor público e nas empresas.



O presidente da Finep admitiu que atingir essa meta é difícil porque precisaria colocar mais recursos na economia. "Mas não é impossível". Em paralelo, sublinhou a necessidade de o País melhorar a qualidade da educação.



Novo programa - O presidente da Finep adiantou que a agência está formatando um novo programa voltado a apoiar projetos de tecnologias sustentáveis, que será lançado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho próximo. Os recursos, calculados em torno de R$ 3 bilhões, virão do Programa de Sustentação do Investimento (PSI).



Segundo Arbix, a ideia é reunir crédito e subvenção no mesmo programa. "Nós vamos agregar, dentro de dois ou três meses, um terceiro elemento, que é o investimento", acrescentou. O presidente da Finep, no entanto, descartou a possibilidade de a agência de fomento administrar uma empresa, como ocorre no caso da Bndespar, subsidiária do BNDES. "Nós queremos apostar em um projeto. Se é o projeto de um avião novo, de um produto ou processo novo, e nós achamos que é rentável, é bom, é positivo, inovador ou relevante, nós podemos participar com 20%".



Na sua avaliação, isso ajudaria a diminuir o custo de capital e o risco tecnológico dos projetos e permitiria à Finep arrecadar recursos não orçamentários. Ou seja, a Finep se tornaria sócia do projeto. Segundo Arbix, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento têm aumentado cerca de 23% ao ano, no conjunto dos órgãos e empresas do Brasil. "Esse agregado mostra que o País está investindo muito em ciência, tecnologia e inovação, da maneira mais diversificada".



A Finep aumentou em cerca de 50% seu orçamento em inovação e em desenvolvimento de tecnologias, no ano passado, o que elevou o montante para R$ 6 bilhões. Ao mesmo tempo, reduziu o tempo de análise dos projetos em 70%, de 214 dias para 102 dias.



Para este ano, Arbix revelou que a solicitação do órgão "e o horizonte com o qual nós estamos trabalhando são R$ 6 bilhões a mais". A previsão é, no futuro, aumentar em cinco ou vezes o que a Finep investe em projetos de inovação. De acordo com Arbix, se os recursos não puderem vir da Finep na totalidade, serão buscados em outras fontes, como o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) e o Programa de Sustentação do Investimento (PSI).



"Falar em aumentar cinco ou seis vezes significa ampliar o nosso orçamento de R$ 6 bilhões para algo em torno de R$ 30 bilhões ou R$ 40 bilhões por ano. É isso que nós precisamos", explicou. Para Arbix, o investimento em inovação nas áreas mais intensivas em conhecimento possibilitará ao País quebrar a dependência tecnológica dos países avançados. "É aqui que nós abrimos, efetivamente, uma linha de futuro para o Brasil."

(Agência Brasil)





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