Ciência e o futuro do País

Data: 17/05/2012
Eloi Garcia

Países desenvolvidos como a Alemanha e França, através de seus grandes centros, como o Instituto Max Planck e o CNRS, estão, cada vez mais, fortalecendo seus sistemas e infraestruturas de ciência, tecnologia e inovação para tentar diminuir a crise econômica existente na Europa.



Nosso país tem feito isso nos últimos 10 anos através das fundações estaduais e órgãos federais como a Capes, CNPq e Finep. Mas os pesquisadores estão preocupados com uma possível redução na liberação de recursos orçamentários nestas agências que são fundamentais para a manutenção da pesquisa em nosso país. Sem dúvida, isto incidirá de maneira preocupante na comunidade e causará uma redução dos compromissos prejudicando a atividade científica e tecnológica bem como a inovação.



Mas é preciso ter clareza de que a pesquisa não deve estar subordinada ao mercado e, sim, ao desenvolvimento do conhecimento humano. Os recursos de financiamentos dos laboratórios para produzir ciência, formação de recursos humanos, manutenção das bolsas de pós-graduação e pós-doutorado, principalmente no Plano Nacional de Pós-Doutorado (PNPD) são fundamentais para o enfretamento da crise mundial. Uma redução orçamentária nesta área significa diminuir os compromissos assumidos pelos pesquisadores com a sociedade.



Apesar dos concursos nas universidades e institutos de pesquisa, ainda estamos distantes de alcançar o nível ideal considerando que ciência, tecnologia e inovação são setores estratégicos e prioritários para o desenvolvimento de um país. Se acrescentar a esta preocupação as ofertas de emprego para estas áreas estratégicas e prioritárias, veremos um horizonte preocupante. Para investir no futuro teremos que proteger a cultura científica, tecnológica e inovativa.



Pensando de maneira otimista devemos fortalecer a formação de pessoal envolvido nestas áreas, dar prosseguimento aos financiamentos dos laboratórios de pesquisa e manter em nosso país os melhores pesquisadores recém formados, porque o talento caminha para onde há mais oportunidades.



Desenvolver a atividade científica e tecnológica em um país é um trabalho constante de desenvolvimento dos grupos de pesquisas em diferentes instituições, de formação de pesquisadores nos cursos de pós-graduação bem como técnico e pessoal de gestão científica e tecnológica. Não devemos esquecer que "somente aprende aquele que estuda e faz".

Eloi S. Garcia é ex-presidente e pesquisador da Fiocruz e do Inmetro, e membro da Academia Brasileira de Ciência.


Jornal do Brasil





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