Uma janela para a divulgação científica

Data: 14/05/2012


De 13 a 22 de junho, o mundo vai acompanhar, por meio das redes de informação e comunicação, os desdobramentos da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que será realizada no Rio de Janeiro. Mas, para além das decisões diplomáticas, o evento deve se transformar em uma oportunidade de aproximar a Ciência de diversos segmentos da sociedade, especialmente crianças e jovens.



É o que defende Ildeu de Castro Moreira, professor do Instituto de Física e do Programa de Pós-graduação em História da Ciência e das Técnicas e Epistemologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diretor do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), membro do Conselho Nacional de Política Cultural e do Conselho Técnico-Científico da Educação Básica da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).



Na última segunda-feira (7), Ildeu de Castro Moreira ministrou a palestra "A ciência na Rio+20 - um espaço de popularização do conhecimento", durante o encontro "Ciência em pauta: química e sustentabilidade", promovido na Casa da Ciência da UFRJ, em parceria com o Museu da Vida (IOC/Fiocruz) e a Sociedade Brasileira de Química (SBQ). No encontro, que teve como um dos focos a divulgação científica, Moreira lembrou que a Ciência tem a sua dimensão política, pois suas atividades estão imersas na sociedade brasileira. "Na Rio+20, haverá um grande encontro, com mais de 100 chefes de Estado. Representantes de diversas entidades da sociedade civil e a comunidade científica, com especialistas de todo o mundo, estarão reunidos. E a sociedade precisa participar destas atividades. As pessoas devem tomar consciência de que a Ciência e a Tecnologia estão em tudo que nos cerca hoje. Por isso, elas precisam estar bem informadas para escolher como usá-las bem", argumenta o físico.



Moreira foi além, assinalando que a Ciência não é neutra. Sua aplicação, bem como a sua divulgação, revela uma intenção política. E, por isso, para o professor da UFRJ, é preciso ter cuidado com informações distorcidas. "A Rio+20 é um momento importante para aproximar as pessoas da Ciência. Em uma sociedade democrática, os cidadãos devem escolher qual é a matriz de energia mais adequada. Mas, para que a escolha seja consciente, é preciso informação. Uma das lutas na conferência será, justamente, pela ampla divulgação das informações, como aquelas sobre o clima, captadas por satélites dos países ricos que, na maior parte dos casos, retêm esses dados", observa o cientista.



E, na perspectiva de atrair estudantes para o evento, o educador convoca escolas e professores a participarem da Feira de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia da Rio+20, a FemactRio+20, que será realizada no Armazém 4, do Pier Mauá, de 13 a 15 de junho. Outro evento relevante na área acadêmica, salientou Moreira, será o Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, que acontecerá 11 a 15 de junho, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).



"Ainda existem muitas polêmicas em torno do termo 'economia verde' que, para alguns, é uma maquiagem das grandes multinacionais. O governo brasileiro insiste no conceito de sustentabilidade, privilegiando o equilíbrio entre os aspectos sociais, ambientais e econômicos. Essas discussões envolvem a Física, a Química, as Ciências Sociais. A Ciência deve ser uma discussão de todos. Fazer da Ciência um discurso que somente poucos entendem é uma atitude anti-democrática", acrescenta.



Ildeu de Castro informou, ainda, que haverá ônibus para levar alunos de escolas públicas para o Armazém 4 do Pier Mauá. Além disso, em breve, uma página eletrônica deverá estar no ar, com a programação completa dos eventos oficiais e paralelos da Rio+20. No momento, a atualização de conteúdos acontece no Grupo Pop Ciência Rio+20, no Facebook.

(Folha Dirigida)





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