Meio ambiente deve ter mais peso dentro da ONU, defende chefe do Pnuma

Data: 18/04/2012
O meio ambiente precisa ter relevância similar a de outros temas no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU). Esta é a opinião de Achim Steiner, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que participou na segunda-feira, 16 de abril, de um encontro com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a fim de debater o tema governança ambiental na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).

Steiner informou que cerca de 140 países já reivindicam a transformação do órgão em agência especializada da ONU, assim como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) – ambas com poder de decisão. O Pnuma, que conta com 58 países, apenas discute as temáticas ambientais. O novo status, segundo ele, significaria orçamento mais robusto, maior representatividade dos países e maior poder de decisão política dentro das Nações Unidas.

“A maioria dos países deu sinal de que a criação de uma agência especializada para o meio ambiente é justificável e é por isso que acredito que essa discussão é legítima e séria. Por que não dar para a agenda ambiental a mesma autoridade de governança que é dada para as agências de turismo, navegação, saúde e cultura, por exemplo?”, questionou o diretor-executivo do Pnuma.

No entanto, Steiner destacou não acreditar que essa seja a única alternativa para o Pnuma, que hoje conta com um orçamento pequeno, cujo financiamento é voluntário (aproximadamente US$ 80 milhões). Nesse sentido, preferiu não se posicionar a respeito da forma de fortalecimento da agência, que será debatido na Rio+20, marcada para junho na capital fluminense. “Esta é uma decisão política. É necessária uma ambiciosa reforma do Pnuma e acredito que, ao final da Rio+20, o mais importante será ter fortalecido a plataforma ambiental”.

Izabella Teixeira informou que o ministério não tem posição sobre de que forma o Pnuma deve ser fortalecido, mas que sua importância é indiscutível. “Defendemos o fortalecimento da plataforma ambiental. Não há como avançar em uma agenda de desenvolvimento sustentável sem fortalecer o pilar ambiental”, ressaltou a ministra.

As agências especializadas da ONU têm estrutura de governança própria, enquanto o Pnuma está subordinado à Assembleia Geral, em Nova York. Com sede em Nairóbi, Quênia, o órgão ambiental possui cerca de 840 funcionários espalhados pelo mundo, entre biólogos, químicos e especialistas em meio ambiente e desenvolvimento sustentável que trabalham para a instituição, além de voluntários.

Teoria x Prática

Para Achim Steiner, a Rio+20 deve fugir dos debates teóricos e buscar metas concretas se não quiser fracassar em seu objetivo. “Não precisamos de uma conferência para apenas reafirmar o que foi acordado na Rio-92. Isso representaria um fracasso para a geração de 1992 e para as gerações futuras. Continuamos a falar de desenvolvimento sustentável e das mudanças que devemos fazer como se fossem para o futuro e isso tem custado muito ao planeta. O futuro já chegou”, observou o funcionário da ONU.

Entretanto, apesar de todo o ceticismo de especialistas a respeito da capacidade da Rio+20 de provocar mudanças, o evento é uma “oportunidade extraordinária para a história do multilateralismo e para o desenvolvimento sustentável”, na concepção de Steiner, que aposta na diplomacia e na influência mundial do Brasil para ajudar os demais países a adotar metas mais ambiciosas, que nem sempre são fáceis de ser acordadas em um momento de crise econômica.

“Trata-se de um momento difícil para uma conferência sobre desenvolvimento sustentável. Mas acredito que o Brasil irá inspirar e motivar os demais [países"> na construção de uma agenda que realmente traduza o futuro que queremos”, projetou o diretor-executivo do Pnuma.

(EcoD)




< voltar