Cátedra Unesco Memorial sobre recursos hídricos inicia seus trabalhos

Data: 29/03/2012

A Fundação Memorial da América Latina iniciou as atividades da Cátedra Unesco Memorial da América Latina nesta segunda, 26 de março de 2012. O tema deste semestre é oportuno para os dias de hoje: “O gerenciamento integrado de recursos hídricos para a América Latina”. O professor Dante Ragazzi Pauli realizou a primeira palestra. Assistente executivo da presidência da Sabesp, ele falou sobre a “Universalização do Serviço de Saneamento Básico no Estado de São Paulo”, em substituição à presidente da Sabesp, Dilma Seli Pena, que não pode comparecer por motivo de saúde. Ele saudou a iniciativa do Memorial em focar o assunto da gestão da água, “que ficou décadas sem o investimento devido na área, mas que nos últimos anos se desenvolveu bastante e agora precisa de profissionais habilitados”.

Ao abrir os trabalhos, o presidente do Memorial, Antonio Carlos Pannunzio, saudou os cerca de 100 alunos regularmente matriculados presentes, que vieram não só de São Paulo, como também de outras partes do país e de fora, como do México e da Nicarágua. E agradeceu ao catedrático José Galizia Tundisi, por orientar os alunos e por convidar eminentes autoridades em questões relacionadas aos recursos hídricos para palestrar ao longo dos próximos meses. Já o coordenador da Cátedra Unesco Memorial, professor José Adolfo Melfi, relembrou os catedráticos dos anos passados: Luiz Horta Nogueira (“Energia”), José Goldemberg (“Meio-ambiente”), Carlos Romero, da Venezuela (Comércio e Desenvolvimento), Hernan Chaimovich (Ciência e Tecnologia e atividade econômica na América Latina), Roberto Rodrigues (Agronegócio) e Erney Camargo (Doenças Negligenciadas). Por sua vez, o professor Tundisi, além de apresentar o palestrante, contou sobre a grande procura pelo curso e como ele teve que ser rigoroso para selecionar os 99 alunos inscritos.

O professor Dante Pauli apresentou um panorama da situação dos recursos hídricos no Brasil e no Estado de São Paulo. No país 80% da população é servida por água tratada, mas apenas 50% do esgoto é coletado. Desse montante, só 30% é tratado. É um problema de difícil solução, que esbarra em dificuldades de gestão e até de mão de obra competente. Ele citou como exemplo o fato do governo federal ter destinado 40 bilhões de reais ao saneamento básico no PAC 2, “mas não se conseguiu gastar até agora por falta de gestão”. Já em São Paulo a situação está bem melhor: a água tratada chega a 98% da população, a coleta da água servida é de 85% e o tratamento de esgoto é de 63%.

É verdade que o país é privilegiado quanto aos mananciais em seu território e detém 13% da reserva de água doce do planeta, mas é preciso considerar a desigual distribuição desse recurso hídrico. A ONU considera excelente quando se tem 20 mil m3/habitante por ano. O Brasil tem 35 mil m3/habitante por ano, mas São Paulo tem 2.468 m3/hab. por ano, Pernambuco menos ainda, 1.188 m3. E as bacias próximas das regiões mais populosas tem ainda menos água: Bacia do Piracicaba (408 m3/hab por ano) e a Bacia do Tietê ( 201 m3/hab por ano) têm níveis alarmantes segundo qualquer critério. É preciso então o uso racional e integrado por toda a bacia hidrográfica, o reuso da água servida e o fim do desperdício. Essa é a questão, em nível latino-americano, que a Cátedra Unesco Memorial da América Latina vai enfrentar neste semestre.

Memorial.org.br


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