Passivo climático sobre os oceanos é de US$ 2 tri

Data: 26/03/2012

O costume de não planejar o caminho para se alcançar determinados objetivos não é exclusividade dos brasileiros, esta cultura do curto prazo é uma característica generalizada da humanidade e já estamos pagando o preço por décadas de descaso.

Um novo estudo envolvendo pesquisadores internacionais e coordenado pelo Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI, em inglês) estima que apenas as mudanças do clima podem reduzir o valor econômico dos recursos marinhos em até US$ 2 trilhões ao longo deste século.

“Valorando o Oceano”,que será publicado na forma de um livro revisado por cientistas até o final do ano, ressalta que precisamos urgentemente de uma abordagem integrada para proteção das imensidões azuis.

Grande parte do estudo se dedica à quantificação dos custos da degradação dos oceanos, geralmente invisível nas análises de custo-benefício incluídas nas políticas atuais. Os custos são avaliados ao longo dos próximos 50 e 100 anos sob cenários de altas e baixas emissões e em cinco categorias: pesca, turismo, aumento do nível do mar, tempestades e estoque de carbono.

O montante relacionado à inação aumenta muito com o tempo, um fator que precisa ser reconhecido integralmente na contabilização das mudanças do clima”, alerta Frank Ackerman, diretor do Grupo de Economia Climática do SEI-Estados Unidos.

Apesar da mudança no clima ser uma ameaça gigantesca, não é a única. Um ponto chave do relatório é que a convergência de estressores múltiplos – acidificação, aquecimento, hipoxia, aumento do nível do mar, poluição e sobreuso dos recursos marinhos – podem levar a danos muito maiores do que individualmente.

O estudo não coloca um valor monetário sobre os danos totais projetados, muitos deles sendo perdas incalculáveis como a erradicação de espécies, mas argumenta que com as informações que já temos, os líderes mundiais deveriam agir com precaução, rigidez e de forma integrada(considerando todas as nossas ações que impactam os oceanos).

“O oceano é um grande contribuinte para a economia dos países, e um ator elementar na história de mudanças ambientais na Terra, mesmo assim é cronicamente negligenciado”, lamentou Kevin Noone, co-editor do relatório e membro da Academia Sueca de Ciências.

“Precisamos urgentemente designar um sistema de gerenciamento que trabalhe ao longo das escalas local até global, e que nos permita otimizar o uso dos recursos marinhos de forma sustentável dadas as ameaças simultâneas e geralmente sinérgicas”, ponderou a neozelandesa Julie Hall, outra coautora do estudo.

Além da inclusão da questão em planos econômicos e de desenvolvimento, os autores pedem medidas locais, como a criação de Áreas Marinhas Protegidas visando melhorar a resiliência dos ecossistemas em casos de eventos extremos (branqueamento de corais, tempestades, etc).

Atlas do Carbono nos Oceanos

Complementando o estudo do SEI, a Comissão Intergovernamental Oceanográfica da UNESCO lançou o Atlas do Carbono na Superfície dos Oceanos,fornecendo registros de 40 anos da acumulação de dióxido de carbono na superfície do oceano.

A absorção líquida de CO2 pelos oceanos auxilia na redução da concentração de gases do efeito estufa na atmosfera, porém o aumento na quantidade de carbono nos mares causa a sua acidificação, ameaçando a vida dos organismos marinhos.

Para tornar o banco de dados amigável para os usuários, ele foi disponibilizado na rede através de uma ferramenta sofisticada de visualização e manipulação online chamada Live Access Server, oferecendo mapas interativos.

(Instituto CarbonoBrasil)




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