Segundo Tundisi: novo Código Florestal deve encarecer a água no País

Data: 21/03/2012

Segundo Tundisi: novo Código Florestal deve encarecer a água no País


Na avaliação do professor e presidente do Instituto Internacional de Ecologia (IIE), José Galizia Tundisi, que já foi palestrante de abertura em nosso Encontro Técnico, colaborador da Revista Saneas e um dos mais respeitados pesquisadores em águas continentais do mundo, “ a aprovação de alguns pontos do novo Código Florestal vai fazer com que o preço da água aumente no Brasil”.

Segundo Tundisi, várias das mudanças propostas no texto do novo Código serão para pior. Pela lei atual, é proibido plantar ou ocupar áreas de várzea, encostas inclinadas e topos de morro. Essas zonas são consideradas Áreas de Preservação Permanente (APPs). O novo texto regulariza as áreas desmatadas até julho de 2008, desobrigando os proprietários a reflorestar essas zonas. Além disso, o código atual prevê a proteção mínima de 30 metros de mata ciliar em rios com até 10 metros de largura. O novo Código reduz essa faixa pela metade, 15 metros.

O pesquisador lembra que a vegetação é fundamental para a manutenção do ciclo hidrológico, pois protege os rios de contaminações, além de reter materiais em suspensão e metais pesados e colaborar para a recarga dos aquíferos subterrâneos. Tundisi afirma que ao aprovar alguns itens do novo código, os agricultores estão dando um tiro no próprio pé: “eles querem mais áreas para plantar, mas esquecem de que seus principais insumos são água e terra”.

Segundo o especialista, à medida que se reduz a proteção aos mananciais, a sociedade fica mais dependente de processos artificiais de despoluição. Para chegar à água potável é necessário usar coagulantes, desinfetantes e uma série de produtos químicos. Quanto maior a poluição, maior a quantidade dessas substâncias e mais complexo se torna o processo. Isso aumenta o preço da água potável. "O custo para purificar a água é de 10 a 20 vezes maior do que proteger as matas ciliares", afirma.

Segundo Tundisi, os tratamentos utilizados no Brasil são eficientes "tanto é que não se vê contaminação em massa por causa da água." A preocupação é com o aumento dos custos da água tratada. "Potabilidade é algo caro. É mais eficiente investir em planos de proteção das fontes", conclui.
FONTE:AESABESP



< voltar