Rio vai revitalizar canal degradado

Data: 26/12/2008

Rio vai revitalizar canal degradado


Começam em janeiro as obras de desassoreamento do Canal do Cunha, às margens da Linha Vermelha, na altura da Ilha do Fundão e do Complexo da Maré, no Rio. O projeto de R$ 185 milhões será custeado pela Petrobrás e deve ser concluído em dois anos. Ele prevê a retirada de uma camada de 4,5 metros de lodo contaminado com metais pesados em uma extensão de 6,5 quilômetros.

“(O Canal do Cunha) É o anticartão postal do Rio. Dizem que perdemos as Olimpíadas de 2004 logo na chegada da comissão julgadora, que ficou mal-impressionada com todo aquele lodo”, afirmou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, durante anúncio do projeto. Quem passa pela Linha Vermelha, via de acesso obrigatória de quem chega ao Rio pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim, inevitavelmente sente o mau cheiro dos dejetos depositados no canal.

“É o maior passivo ambiental da Baía de Guanabara”, afirmou o ministro. Minc lembrou que o projeto finalmente vai sair do papel, após 12 anos. “Demorou tanto por causa dos custos e também porque havia o dilema do que fazer com os dejetos”, justificou.A obra está sendo realizada com apoio unânime do Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que concordou em receber os dejetos. O contrato com a Queiroz Galvão, construtora que venceu a licitação, foi assinado ontem.

METAIS PESADOS

A Petrobrás investiu R$ 2,2 milhões para contratar a empresa que elaborou os projetos de impacto ambiental e viabilidade técnica. Foram colhidas amostras em 107 pontos dos canais do Cunha e do Fundão. O resultado foi que, em mais da metade dessa área, o nível de contaminação por metais pesados - mercúrio, chumbo, zinco, cromo, níquel, bário e antimônio - está acima do permitido pela legislação.

Para evitar que o mau cheiro aumente durante a execução do projeto, um produto químico será borrifado para neutralizar o gás sulfídrico que será liberado, num raio de 500 metros.

GEOBAGS

Depois de retirado da água, o lodo entrará numa máquina que vai separar a areia - que está limpa - do material contaminado - argila e silte (fragmentos de rocha menores que um grão de areia). A primeira poderá ser reutilizada em outras obras; o segundo será colocado dentro de geobags, grandes sacos têxteis de alta resistência que drenam a água e compactam os sedimentos. A água, limpa, volta aos canais. Segundo o subsecretário estadual do Ambiente, Antonio da Hora, em três meses os peixes poderão voltar.

Os sedimentos armazenados nos geobags serão separados, embaixo, por uma manta impermeabilizante; em cima, por uma camada de argila. A área sobre os geobags será reurbanizada.

A contrapartida do Estado deve ser de cerca de R$ 30 milhões. Os recursos do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano serão usados para obras de saneamento e educação ambiental no Complexo da Maré, conjunto de favelas às margens do canal.


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