Goldemberg defende produção de biomassa

Data: 07/03/2012

Diante das perspectivas de crescimento da demanda mundial por automóveis, o que deve pressionar ainda mais o meio ambiente, o desafio é desenvolver tecnologia para produção de combustíveis extraídos da biomassa em substituição à gasolina. A observação partiu de José Goldemberg, especialista em energia e professor da Universidade de São Paulo (USP), na abertura do "Biota-Bioen-Climate Change Joint Workshop: Science and Policy for a Greener Economy in the context of Rio+20". O evento é promovido pela Fapesp e acontece hoje (6) e amanhã, em São Paulo.



Sob o tema 'A produção de bioenergia no contexto da Rio+20', Goldemberg informou que a produção de etanol é a única opção viável, em escala comercial, para atender a demanda atual e a futura por combustíveis. Ele destacou dados de órgãos internacionais que estimam que o número de automóveis deve saltar dos 700 milhões atuais para 2,5 bilhões de unidades em circulação no mundo em 2050. "Essa não é uma situação encorajadora", disse o especialista.



Para atender a demanda futura por combustíveis não poluentes, Goldemberg sugeriu o desenvolvimento da tecnologia de etanol de 2ª geração para aumentar a produtividade. Com a produção de etanol de 2ª geração, conforme calcula Goldemeberg, é possível multiplicar a produção mundial de combustíveis em mais de sete vezes. Hoje, o Brasil produz 26 bilhões de litros de combustíveis de um total mundial de 105 bilhões, número que poderia saltar para 780 bilhões de litros com a produção de etanol de segunda geração.



Segundo Goldemberg, hoje o Brasil utiliza quatro milhões de hectares para o plantio de cana de açúcar para a produção de etanol. Enquanto que os Estados Unidos utilizam 10 milhões de hectares, mais do que o dobro do Brasil, para o cultivo de milho para a produção do mesmo biocombustível. Neste caso, ele afirma que os americanos terão mais dificuldade para expandir a área cultivada da matéria prima para produção de etanol pela limitação física, considerando que a área cultivada hoje já é expressiva.



De olho na experiência brasileira, Goldemberg informou que países da Europa e o Japão perceberam que o exemplo do País de substituir a gasolina pelo etanol é a única opção viável. Dessa forma, ele afirma que esses países já começaram a misturar um percentual de álcool na gasolina.



(Jornal da Ciência)





< voltar