Fortaleza lança Polo Tecnológico com incentivos para atração de empresas

Data: 24/01/2012



Todas as instituições públicas de educação superior em Fortaleza contam com incentivos para receber empresas no programa Polo Tecnológico (PTFor), criado pela prefeitura da cidade, que oferece redução de 60% no ISSQN, desconto de 80 a 100% do IPTU e do ITBI. O programa estende os benefícios para empresas a serem instaladas no que denomina "parques tecnológicos" da UFC, Uece e IFCE, e de três instituições privadas de educação superior que aderiram ao PTFor, as Faculdades 7 de Setembro, Christus e Farias Brito.



Os mesmos incentivos do Polo Tecnológico de Fortaleza são concedidos também para empresas instaladas na região do Centro até as imediações da praia de Iracema e Centro Dragão do Mar. Instituído em 2009, o PTFor foi lançado na última quarta-feira (18) pela prefeita Luizianne Lins, no Paço Municipal, em almoço com as empresas associadas à Assespro e ao Seitac. Na ocasião, o vereador Guilherme Sampaio, relator do projeto do PFTor na Câmara, anunciou a ampliação da área beneficiada no Centro e cercanias do Dragão do Mar, aprovada na lei do Plano Diretor em dezembro de 2011.



Uma empresa já formalizou adesão ao PTFor, a RCN&BS, de Ronaldo Nogueira, que informa ter pago com nota fiscal eletrônica a primeira fatura com redução de 60% na base de cálculo do faturamento bruto. A alíquota do ISSQN foi reduzida de 5% para 2% do faturamento da empresa, que teve de contratar estagiários indicados pela Prefeitura na cota de 10% prevista na legislação, que segundo o empresário não tinham perfil de programadores e foram utilizados em outros serviços.



O secretário de Desenvolvimento Econômico, José de Freitas Uchoa, disse que o programa PTFor terá impacto no mercado de trabalho e na economia com empresas de qualidade e pessoas bem formadas. De 2005 a 2011, Fortaleza gerou 181 mil contratos com carteira assinada, mas são empregos de salário mínimo. "Temos quantidade imensa de mão de obra não qualificada", disse ele, e que espera atrair empresas de tecnologia para diversificar o quadro e ofertar serviço qualificado.



Uchoa assinalou que está reforçando o quadro de pessoal na SDE para atender a demanda dos empresários e reconheceu que o PTFor "andou com certa lerdeza." "Vamos ver se anda mais rápido para implantar as empresas", disse ele. O presidente do Seitac, Ozair Gomes, disse que o PTFor "é resultado de muitos anos de batalha e vai servir para nossos filhos. Agora temos que avançar", afirmou.



O presidente da Assespro, Márcio Braga, por sua vez, recomendou reforçar o trabalho de união do setor e destacou a tenacidade de Cristiano Terrian e Rodrigo Pordeus, da SDE, dedicados ao PTFor desde o início. Segundo ele, Fortaleza tem estudantes de qualidade com vocação em matemática e engenharias, que se destacam em seleções nacionais para o ITA e IME, e recomendou juntá-los com o governo e a vontade enorme das empresas cujo desempenho tem qualidade para fazer a cidade melhor do que é.



Luizianne Lins lembrou como motivadores para a criação do PTFor a persistência do empresário inglês Terry Boyland, que no início da sua gestão no cargo se plantou na fila para audiências e brigou com a recepcionista para falar com a prefeita. O inglês veio conhecer o Pirambu Digital e foi encaminhado para discutir o seu projeto com o setor de tecnologia da informação da prefeitura.



Terry Boyland constituiu uma empresa em parceria com o Instituto Atlântico, a CPQi, com o qual acompanhou a prefeita a uma reunião no Consulado do Brasil em Nova Yorque com potenciais investidores indianos, europeus e americanos do mercado offshore. A prefeita conta que viu como uma oportunidade dotar Fortaleza de mecanismos para a atração de uma indústria limpa que absorve mão de obra jovem em pequenas, médias e grandes empresas com grande capacidade de geração de empregos, com salários acima da média.



A prefeita afirmou que o PTFor, fruto de diálogo da prefeitura com o setor de tecnologia da informação, agora é uma realidade concreta e propôs reuniões freqüentes para avaliação do andamento do projeto. Ela informou que foi conhecer os parques tecnológicos do Rio de Janeiro e de Recife antes de criar PTFor. "Para nós, o PTFor é prioridade. Demorou a sair, mas agora é realidade concreta e objetiva", disse ela.



Cristiano Terrian, coordenador de Tecnologia da Informação da prefeitura, observou que junto com o PTFor foi criado o Polo Criativo, e destacou a convergência da tecnologia da informação com a economia criativa. Na escolha de Zonas Especiais da cidade que gozam dos incentivos do programa, segundo ele, foram ouvidos os urbanistas e realizados estudos comparativos com outros parques tecnológicos. Segundo ele, as empresas podem se instalar nas Zonas Especiais demarcadas no programa ou se coligarem com instituições de educação superior.



O superintendente do Instituto Atlântico, Francisco Moreto, uma das empresas com as quais Terrian disse ter conversado para aderir ao PTFor, considera interessante a criação dos incentivos no objetivo de desenvolver a região do Centro e imediações com indústria de tecnologia limpa que pode ajudar a requalificar a região. Todavia, vê dificuldade em conseguir um imóvel com condições adequadas para receber o Atlântico, que tem 165 colaboradores na sede em Fortaleza, intenso trânsito de automóveis no Centro que afeta a mobilidade e pouca opção para estacionamento.



No cálculo dos custos e benefícios, Moreto avalia que de início, apenas com a redução de 3% na alíquota do ISSQN, a empresa que fatura R$ 10 milhões teria ganho anual de R$ 300 mil, sem contar o IPTU. De acordo com Rodrigo Pordeus, da SDE, o Atlântico não está dentro da área do Polo e teria de se deslocar para o Centro e imediações que formam o polígono amparado pela legislação do programa. Outro caminho é a parceria com uma universidade. Segundo ele, dialogam para ingressar no PTFor uma faculdade privada, a FIC e, tão logo definam espaço para receber empresas, a FGF e Unifor.



( Jornal da Ciência)






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