FAPESP realiza reuniões com pareceristas

Data: 23/11/2011
As solicitações de apoio à pesquisa recebidas pela FAPESP – cerca de 19 mil em 2010, entre pedidos de bolsas e auxílios – são analisadas por assessores ad hoc, responsáveis por emitir pareceres sobre cada uma delas.

Em novembro, a Fundação iniciou uma série de reuniões com assessores, a fim de facilitar sua comunicação com a Diretoria Científica e fazer com que os pareceres tenham a máxima efetividade em seu papel de auxiliar as decisões.

As duas primeiras reuniões foram realizadas com os assessores que mais emitiram pareceres no período entre 2008 e 2010, para propostas nas áreas de Ciências da Vida e Exatas, nos dias 1º e 21 de novembro, respectivamente. Cada uma das reuniões teve a presença de mais de 160 assessores, além de coordenadores de área e coordenadores adjuntos da Fundação.

De acordo com o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, além da própria proposta de pesquisa, os documentos mais importantes em todo o processo decisório são os pareceres de assessoria.

“Por isso, decidimos iniciar um esforço para tornar mais efetiva a comunicação entre a FAPESP e os assessores, de tal modo que eles conheçam melhor os elementos de um parecer que de fato ajudam a Fundação a tomar uma decisão mais bem fundamentada”, disse.

Várias outras reuniões serão realizadas e a comunicação com a assessoria também será aprimorada com a inclusão de uma página para essa finalidade no site da FAPESP.

“O número de assessores passou de 5 mil em 2005 para mais de 8 mil em 2010. O prazo médio para emissão de pareceres iniciais está em torno de 25 dias, sendo que 80% dos pareceres são recebidos em menos de 35 dias”, disse.

Das 19 mil solicitações de apoio submetidas à FAPESP, por 9 mil pesquisadores em 2010, a taxa de sucesso foi de 61%. “Para a análise dessas propostas foram usados 22 mil pareceres de assessoria. O número de pareceres usados anualmente passou de 15 mil em 2005 para mais de 20 mil a partir de 2006. Como regra, toda solicitação com orçamento solicitado superior a R$ 300 mil recebe pelo menos três pareceres. As que estão abaixo desse valor recebem pelo menos um parecer”, explicou.

Durante a reunião, Brito Cruz procurou mostrar aos assessores como funciona o sistema de avaliação de propostas da FAPESP, para que eles entendam em que contexto se inserem os pareceres emitidos. A partir daí, foram destacadas as características dos pareceres que mais ajudam a Fundação em suas decisões.

“A FAPESP espera que o parecerista faça uma análise do mérito da proposta. Para que essa análise seja efetiva em seu papel de nos auxiliar, é preciso que todas as avaliações do parecer sejam bem fundamentadas em termos qualitativos e não se baseiem em aspectos puramente numéricos. Temos uma necessidade urgente de valorizar a análise da qualidade das propostas, em oposição à mera menção de dados numéricos”, disse.

Durante as reuniões, também foi destacado que a análise do projeto de pesquisa proposto não deve se concentrar apenas na questão da viabilidade, visto que é importante apoiar projetos bem estruturados e que tenham alto risco científico.

“Se o foco for muito concentrado na questão da viabilidade da pesquisa, podem ser preteridos projetos importantes justamente por seu risco científico. Ajuda muito na decisão da FAPESP que a assessoria aponte o grau de risco científico e explicite os pontos fortes e fracos, ao mesmo tempo em que destaca a atenção dada aos meios e métodos para que sejam adequados, ou não, ao grau de risco apontado. Além disso, destacamos também que a análise justificada sobre a originalidade da proposta de pesquisa traz uma contribuição essencial”, afirmou.

Impactos socioeconômicos

Outro fator ressaltado nas reuniões é que a análise dos impactos socioeconômico e intelectual dos artigos do proponente e sua equipe deve ser privilegiada em relação à simples consideração do fator de impacto das revistas onde eles foram publicados.

“A análise dos projetos de pesquisa no Brasil tem sido frequentemente dominada por uma análise meramente quantitativa. Na FAPESP, estamos muito preocupados com a questão dos impactos intelectuais e socioeconômicos. É essencial para o processo de decisão da Diretoria Científica que a assessoria dê informações sobre esses impactos, que devem ser destacados na súmula curricular pelo proponente”, disse.

O impacto intelectual, segundo Brito Cruz, é mensurável e bastante visível em certas áreas do conhecimento, por meio do número de citações por artigo. No Brasil, o número de citações por artigo científico tem ficado abaixo da média mundial nas últimas três décadas e despencou mais ainda nos últimos quatro anos.

“Isso não é bom para o desenvolvimento científico. Precisamos agir por vários meios – incluindo a análise dos projetos – para sinalizar aos pesquisadores que estamos buscando ciência de maior impacto intelectual”, apontou.

As principais características dos bons pareceres e as falhas encontradas com mais frequência foram destacadas por Brito Cruz nas reuniões. “Os bons pareceres unem análise qualitativa bem fundamentada, justificativas para as avaliações feitas e destaque dos pontos positivos e negativos da proposta. As falhas mais frequentes que observamos, por outro lado, são avaliações extra-acadêmicas e uso de termos inadequados ou ofensivos, recomendação sobre a decisão de conceder ou não conceder o auxílio e conteúdos que permitam a identificação do parecerista”, disse.

Os pareceristas também trouxeram muitas contribuições para as reuniões. Uma das sugestões é que os proponentes incluam na súmula um curto parágrafo apontando as razões para o destaque de cada um dos dez itens ali incluídos, tendo como foco seu impacto na área de pesquisa e na sociedade.

“Outra sugestão importante que surgiu nas duas reuniões foi a importância de os projetos de pesquisa demonstrarem adequadamente suas próprias qualidades. Muitas vezes os assessores ficam tentando deduzir essas qualidades, que estão escondidas, em vez de estar explicitadas”, disse Brito Cruz.

Outra sugestão dos pareceristas foi que a FAPESP delimitasse a extensão dos relatórios científicos que os pesquisadores apresentam. “Essa solicitação foi feita por duas razões. Uma delas é que, do ponto de vista do assessor, é extremamente trabalhoso analisar relatórios que podem passar de 80 ou 120 páginas. Em segundo lugar, argumentaram que a FAPESP não deveria estimular que os pesquisadores gastem tempo produzindo relatórios e sim fazendo ciência, publicando artigos e orientando estudantes”, disse.


Agência Fapesp


< voltar