BASIC se reúne para consolidar posição sobre Quioto

Data: 01/11/2011
Um dos blocos mais influentes das negociações climáticas sob a ONU, aquele formado pelos países em desenvolvimento, está finalizando sua proposta para a continuidade do Protocolo de Quioto, que expira em 2012, e diante da crescente importância dessas nações pode ser que muito do que elas defendam consiga ser aprovado.

O BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China) chega para a Conferência do Clima de Durban (COP 17) com um poder muito maior do que tinha nas edições anteriores.

Para começar, um de seus membros é o país sede do encontro e diferente do que aconteceu em Copenhague, onde a população estava em desacordo com os líderes das nações ricas, ou de Cancún, onde as negociações foram feitas em um lugar distante de manifestações, os sul-africanos estão alinhados com a proposta do governo de estabelecer limites de emissão para todas as nações. Assim, a pressão nas ruas deverá trabalhar em favor dos interesses do BASIC.

Além disso, um relatório recente do Instituto Ambiental de Estocolmo mostrou que os países em desenvolvimento estão apresentando metas mais ambiciosas que as nações ricas e também promovendo mais ações de redução de emissões.

Finalmente, o BASIC reúne países que não estão sofrendo tanto com a crise econômica e são vistos inclusive como uma das soluções para ela. Esse novo poder econômico deverá dar ao bloco uma maior capacidade de persuasão na COP.

Para aproveitar esse momento, representantes do Brasil, África do Sul, Índia e China estão reunidos em Pequim para finalizar a sua proposta conjunta para a COP17, incluindo sobre o Protocolo de Quioto, cuja continuidade é considerada por eles como essencial para a transição para uma economia de baixo carbono e para a mitigação do aquecimento global.

“Em Durban, vamos ter que decidir muitas coisas. Por isso, é melhor que o BASIC discuta qual é a melhor estratégia para lidar com essas questões. A extensão de Quioto é com certeza uma das mais importantes delas”, afirmou Jayanthi Natarajan, ministra do Meio Ambiente da Índia.

Segundo a ministra, a reunião na China deve servir para aparar as arestas do último encontro do bloco, realizado em agosto no Brasil, que terminou em uma declaração que afirmava: “O fracasso do Protocolo de Quioto criaria um desafio ao multilateralismo e enfraqueceria as regras estabelecidas para lidar com as mudanças climáticas sob a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC)”.

O BASIC deve ainda decidir se apoia a proposta chinesa de que além de estender Quioto seria necessário ampliá-lo para que inclua todos os países desenvolvidos.

A reunião na China, com duração de dois dias, começou nesta segunda-feira (31).

Fórum Climático

Em paralelo com o encontro do BASIC, Pequim está realizando o Fórum Internacional sobre Mudanças Climáticas que reúne mais de 200 participantes internacionais para discutir maneiras de equilibrar as prioridades econômicas e ambientais do planeta e de como incentivar o crescimento da indústria de baixo carbono.

“As mudanças climáticas se tornaram uma questão mais econômica e política do que científica. Todos os países devem assumir suas responsabilidades para mitigar os impactos delas”, afirmou Liu Yanhua, membro do Conselho de Estado chinês.

Os delegados devem sugerir novas maneiras de como reduzir as emissões de gases do efeito estufa e como estimular os mercados de carbono. O objetivo é que as melhores ideias sejam levadas para a COP17.

Como sede do evento, a China, a maior defensora do principio de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, está se mostrando mais flexível do que o habitual e assumiu que deve fazer mais, principalmente no que diz respeito a modernizar suas indústrias poluentes.

“Os países desenvolvidos lidam com problemas ambientais há décadas, mas isso só virou uma questão realmente importante para a China há pouco tempo. Por isso precisamos investir mais para alcançar as melhores práticas corporativas já existentes no ocidente. Porém, será importante contar com a cooperação internacional para que isso aconteça”, concluiu Yanhua.

(Instituto CarbonoBrasil)




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