RN: 2/3 dos moradores não possuem água encanada em Macaíba

Data: 11/12/2008

RN: 2/3 dos moradores não possuem água encanada em Macaíba


Com 200 anos de fundação e 64 mil habitantes, Macaíba é um dos 40 municípios potiguares que recebeu, este ano, o selo Unicef, por boas políticas públicas em relação às suas crianças e adolescentes.

Com tantas credenciais, o grande problema de Macaíba continua sendo mesmo o mais antigo deles - falta de água. Hoje, mais de 2/3 dos moradores não podem dizer que tenham água encanada. Nas casas, os reservatórios racham de tão secos. Os alunos das 45 escolas municipais são dispensados antes da hora porque não existe água na cozinhas para as merendeiras trabalharem. Unidades de saúde, secretarias municipais, creches e até obras públicas são abastecidas por caminhões pipa. E, se falta água até para o gestor público, o que dirá a população.

“Água aqui é um artigo de luxo, existe para poucos”, desabafa Silva Santos Lunga, 50 anos, dona-de-casa. Todas as manhãs e às tardes ela se acomoda a uma fila que chega a 50 pessoas, na comunidade de São José, situada a pouco mais de um quilômetro da Prefeitura Municipal.

Em Macaíba, enquanto o Plano Diretor do Município não for votado na Câmara, bairro é apenas uma expressão híbrida para se definir um grupamento humano. Com 2 mil habitantes – num cálculo aproximado dos próprios moradores -, pode-se dizer que a comunidade de São José esteja até no rol das privilegiadas. A generosidade do dono de um posto de gasolina, que passa o dia ligando e desligando a bomba d’água privativa, enche centenas de baldes e tonéis que os moradores trazem à pé, de carro, em lombo de burro e em carroças.

A louça do almoço de Elis Rejane Cantídio é fina: anda de carro. Vai todos os dias para a casa de uma parente para ser lavada. A gasolina nesse interminável vai e vem fica por conta de Erivan Gonçalves, o marido de Elis.

O dono do posto de gasolina de São José tem residência fixa em São Paulo do Potengi e atende pelo apelido de Maré Mansa. Há dois anos, desde que comprou o posto de bandeira Petrobras, ele paga todos os meses 150 reais a mais na conta de luz para encher tantos baldes. Já está pensando em fechar a torneira, previne o gerente no posto. “Mais um pouco ele se elege vereador fácil, fácil”, reconhece o empregado.



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