Troca de experiências em sustentabilidade

Data: 24/10/2011
A professora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) e membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), Glaucia Mendes de Souza, participou nos dias 6 e 7 de outubro, em Seul, na Coreia do Sul, do 2011 Seoul Science and Technology Forum.

Promovido pelo Korea Research Council of Fundamental Science and Technology (KRCF), juntamente com o Korea Institute of Science and Technology (KIST) e o Science and Technology Policy Institute (Stepi), o Fórum reuniu representantes de instituições públicas de fomento à pesquisa de mais de 35 países para discutir como o país asiático pode utilizar o Oficcial Development Assistance (ODA) – um mecanismo financeiro criado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – para promover o crescimento sustentável de países em desenvolvimento.

Esta foi a primeira vez que um representante do Brasil participou do Fórum, cuja primeira edição ocorreu em 2010.

Em sua apresentação no evento, Souza destacou as ações e os resultados obtidos pelo Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), lançado em 2008 e que tem o objetivo de estimular e articular atividades de pesquisa e desenvolvimento utilizando laboratórios acadêmicos e industriais para promover o avanço do conhecimento e sua aplicação em áreas relacionadas à produção de bioenergia no Brasil.

Além disso, a pesquisadora também ressaltou que 46% da matriz energética brasileira hoje é renovável, contra uma média de 13% dos países em desenvolvimento e cerca de 6% a 8% dos países desenvolvidos.

“Eu acho que os representantes dos países participantes do evento ficaram um pouco surpresos com a minha apresentação, mostrando o quanto o Brasil já caminhou na busca do desenvolvimento sustentável. Eles não sabiam que o país estava tão avançado no estabelecimento de uma matriz energética renovável e que contava com um programa de pesquisa tão robusto na área como o BIOEN”, disse Souza à Agência FAPESP.

De acordo com a pesquisadora, após sua apresentação, representantes de Camarões, Senegal e Tanzânia demonstraram interesse em conhecer mais o modelo desenvolvido pelo Brasil para produção de etanol de cana-de-açúcar para analisar a possibilidade de transferi-lo para estes países africanos, que já plantam cana-de-açúcar.

Para isso, pretende-se organizar em breve a visita de delegações destes países ao Brasil – especificamente, ao Estado de São Paulo, que é o maior produtor de etanol de cana-de-açúcar do país – para que possam conhecer de perto os laboratórios de pesquisa na área, além de usinas brasileiras.

“Já foi realizada uma missão de brasileiros para a África para verificar a disponibilidade de terra dos países da região que poderia ser utilizada para plantar cana-de-açúcar e verificou-se que há, talvez, 10 milhões de hectares que poderiam ser destinados para essa finalidade. É necessário realizar um estudo para verificar o potencial da África pra produção de etanol de cana-de-açúcar para trabalharmos em colaboração nessa área”, disse Souza.

Rota tecnológica

Um dos principais objetivos do evento, que reuniu cientistas, diplomatas e representantes de órgãos de governo, foi prospectar oportunidades de financiamento nos países em desenvolvimento participantes para se estabelecer uma rota tecnológica para promover o crescimento sustentável dessas nações.

Para isso, uma das ideias do governo coreano é tentar utilizar as tecnologias que o país asiático está desenvolvendo por intermédio de instituições como o KIST – que se dedica a financiar em longo prazo somente projetos de alto risco, como faz a FAPESP por meio do Programa CEPID – e transferi-las para esses países em desenvolvimento.

Entretanto, durante o evento não se chegou a uma conclusão sobre como isso deverá ser feito, uma vez que existem diversas questões envolvidas, como as referentes à propriedade intelectual.

“O que fica claro em todas essas reuniões globais, que reúne muitos países, é que anda não se sabe qual o caminho que deverá ser seguido para se promover o crescimento ‘verde’. E é difícil de se determinar qual será o mecanismo para atingir esse objetivo porque vários países em desenvolvimento que estavam presentes nesse Fórum, por exemplo, apontaram que os nenhum dos países desenvolvidos começou ‘verde’, mas sim ‘sujos’, e agora estão falando para os países em desenvolvimento que eles têm de crescer ‘verdes’”, analisou Souza.

Para avançar as discussões que ocorreram durante o evento, no documento final do Fórum foi estabelecida a meta de criar um banco de dados sobre ciência e tecnologias “verdes”, para disseminar informações, promover parcerias público-privadas e gerenciamento da propriedade intelectual em indústrias “verdes”, para pavimentar a rota tecnológica para o crescimento sustentável.


Fonte: http://agencia.fapesp.br





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